Por Lanna Marcondes
Um dos temas mais recorrentes do cinema hollywoodiano é a ode à guerra e ao heroísmo de seus soldados, muitos que sacrificam suas vidas em prol da nação. O patriotismo exacerbado do país é traduzido na construção da figura militar de herói, enaltecido pela contagem de suas vitórias.
“12 Heróis”, drama baseado em uma história real, começa nos primeiros instantes após o atentado ao World Trade Center em 2001. O caos e desespero desse momento histórico levou à criação quase imediata da primeira força-tarefa de resposta. Doze veteranos são enviados ao Afeganistão, não para lutar, mas para diminuir as forças crescentes do Talibã e Al-Qaeda. Por terras desconhecidas, aliando-se a tribos cujos interesses eram voláteis, os soldados tornaram-se conhecidos por se transportarem com cavalos na luta contra tanques de guerra.
A principal missão era aliar-se a um dos líderes bélicos da região, General Dostum (Navid Negahban), cujos interesses particulares conflitavam com os do Talibã, fazendo dele uma ferramenta útil na conquista de territórios do norte, como a cidade de Mazar-i-Sharif e Kabul, que eram usadas como bases de guerra. Pelo caminho, a cada batalha, o capitão Mitch Nelson (Chris Hemsworth) coordenava ataques aéreos de bombas para render o inimigo.
Um dos pontos interessantes do filme é a dualidade entre o afegão bom e o ruim. O aliado, Dostum, é considerado bom por ajudar as tropas americanas. Oferece toda a sabedoria que tem para acrescentar à visão do capitão Nelson, incluindo monólogos sobre o verdadeiro valor do coração de um guerreiro. Enquanto Khaled (Fahim Fazli), líder de tropas talibãs, não ganha nenhuma camada além da superficial, sendo reduzido a personagem que deve ser derrotada. Assim, a perspectiva traçada sobre a guerra mostra-se tendenciosa e previsível. O filme segue um formato seguro de narrativa, desgastado e reciclado de outras obras de grande escala. O uso da trilha sonora para provocar emoção na audiência é usado diversas vezes, tanto que acaba perdendo seu impacto.
“12 heróis” é uma obra cinematográfica baseada no livro de mesmo nome escrito por Doug Stanton, publicado em 2009. Na vida real, a história desses soldados foi divulgada em novembro de 2001, um mês após o retorno da força-tarefa e o sucesso da missão. No entanto, somente com a publicação da obra literária, construída a partir de depoimentos detalhados e arquivos confidenciais, que toda a história dos soldados ganhou reconhecimento.
Chris Hemsworth cumpre seu papel como o protagonista, carregando nos ombros todo o patriotismo e orgulho. Conta também com o auxílio de outros nomes de peso, como Michael Shannon e Michael Peña, que trazem tanto alívio cômico quanto aprofundamento às relações interpessoais dos homens na força-tarefa. Peña, em especial, destaca-se pelo seu humor leve e pontual, trazendo divertimento mesmo à uma vida de combate e perigo.
Encontramos aqui uma história de vitória americana digna de ser contada. No entanto, a direção do novato Nicolai Fuglsig perde uma ótima oportunidade de renovar os padrões de filmes de guerra americanos e se atém a entregar o entretenimento de ação e drama que é conhecido por ser bem sucedido comercialmente. Assim, apesar de cumprir sua principal premissa, deixa a desejar, pois a audiência já está cansada desse mesmo estilo de narrativa.
Pôster
Ficha Técnica:
Ano: 2018
Duração: 130 min.
Gênero: ação, drama, histórico
Diretor: Nicolai Fuglsig
Elenco: Chris Hemsworth, Michael Shannon, Michael Peña, Navid Negahban, Elsa Pataky
Trailer:
Imagens: