Por Marina Lordelo
Seis anos depois da estreia de um dos maiores sucessos de animação da Disney, Frozen: Uma Aventura Congelante (2013), os diretores Chris Buck e Jennifer Lee dão continuidade a aventura das irmãs Elsa e Anna em busca de respostas sobre seu passado e de sua família em Frozen II. Um flashback leva os espectadores até a infância pouco contada das irmãs, sobretudo na companhia de sua mãe que teve quase nenhuma expressão no primeiro filme da sequência. Assim, Lee e Buck em sua nova obra conseguem oferecer aos fãs uma dose de passado desconhecido e aos novos espectadores uma história completa em si.
Guiadas pela iminência da destruição de Arendelle, a curiosidade do passado e uma voz misteriosa que convida Elsa a buscar sua intuição, as irmãs saem em uma jornada de mudanças na companhia de Olaf, Kristoff e Sven. Com uma premissa de roteiro que flerta com o primeiro filme, a jornada não dispõe de vilões diretos – dessa vez as barreiras são as próprias forças da natureza. Mas o roteiro também cuida, ainda de que de forma menos eficiente, da reapresentação dos personagens, do musical para compor os dramas subjetivos e da relação agora mais madura entre as irmãs.
Além da metáfora de abrir definitivamente os portões, o time de roteiristas (Chris Buck, Jennifer Lee, Marc Smith, Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez) ainda mantêm as irmãs em seu castelo luxuoso mas com uma relação muito próxima e afetuosa de seu povo. O roteiro caminha um passo mais próximo da diversidade (ignorada na primeira obra) e apresenta a sutileza do tema principal através de uma folha de outono que se desprende de uma árvore e dos questionamentos existenciais do boneco de neve.
Inclusive Olaf continua sendo um personagem absolutamente central na dinâmica da narrativa. Ainda que não tenha uma jornada estritamente pessoal, o boneco protagoniza as melhores sequências de humor e funciona como uma ligação mágica e física entre as irmãs protagonistas. A importância de Olaf reside, inclusive, em sua dublagem em português designada ao humorista Fábio Porchat, que sustenta as tiradas cômicas de forma muito eficiente. Anna também divide o protagonismo de forma muito consciente com Elsa, sendo responsável por decisões importantes, pela coesão do reino e por sustentar a o “outro lado da ponte”.
Outro ponto forte da obra é, sem dúvidas, a trilha sonora. Com a pressão do sucesso de Let It Go, o compositor Christophe Beck chega perto do seu trabalho em Frozen e deixa Frozen II com músicas menos alegres mas igualmente aderentes à mente das crianças. O carro chefe dessa vez está entre Into the Unknown (Minha Intuição), interpretada também por Panic! At the Disco e a canção de ninar country All is Found (Se Encontrar), cantada por Iduna, personagem da mãe de Elsa e Anna e reinterpretada nos créditos por Kacey Musgraves.
Se o azul é a cor predominante em Frozen naturalmente pelo frio, gelo e pela reclusão que Elsa é submetida, Frozen 2 mergulha no roxo e em suas variações, mostrando a progressão psíquica e mística das personagens. Oportunamente em novos figurinos e cenários que veiculam novos produtos a serem licenciados, a Disney aposta em uma história de aventura que certamente deixa lacunas para alavancar uma possível trilogia.
Ficha Técnica
Ano: 2019
Duração: 103 min
Gênero: Drama, Fantasia
Diretor: Chris Buck e Jennifer Lee
Elenco: Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff