Por Kyalanvinck Santos
“X-Men: Fênix Negra” é um filme que já chega com um tom de despedida por conta das circunstâncias que envolvem o adeus dos mutantes no comando da Fox. Com a compra da Disney, a franquia agora volta às mãos do Marvel Studios e o último longa mantém o mesmo nível dos últimos anos: decepcionante e bagunçado.
Em 2006, o famoso arco dos quadrinhos “Fênix Negra” já havia sido abordado pelo então diretor Brett Ratner (“Hércules”) e, treze anos depois, um dos roteiristas e produtor daquela trilogia viria à assumir o comando da direção dessa nova versão: Simon Kinberg. Dessa vez com Sophie Turner (“Game Of Thrones”) no papel de Jean Gray, o filme aborda os problemas telecinéticos da personagem e as consequências que a falta de controle de seus poderes podem trazer.
Com um elenco majestoso, cada um dos atores entrega muito bem o que representa os integrantes do grupo mutante. Michael Fassbender (“Bastardos Inglórios”) e James McAvoy (“Fragmentado”) têm sua terceira entrega fantástica de versões muito particulares do que é o relacionamento entre Magneto e Professor Xavier. Nicholas Hoult (“Tolkien”) também deixa essa franquia com um trabalho excelente como Hank McCoy e quase todo o elenco jovem que veio do filme anterior não deixa a desejar. Por outro lado, a vencedora do Oscar Jennifer Lawrence (“Mãe!”) está notavelmente cansada da franquia e a maquiagem de sua personagem, Mística, que, se em sua primeira aparição em “X-Men: Primeira Classe” era trabalhada nos mínimos detalhes, aqui está sem o menor capricho.
A displicência na linha do tempo dos X-Men trazida pelos produtores da Fox não é único problema acrescentado a esse encerramento, mas a inconsistência no roteiro prejudica a despedida. É preciso deixar claro o quão evoluída estão as cenas de ação e efeitos especiais, mas nada disso importa quando não há uma conexão com os personagens que, sem os devidos desenvolvimentos, tornam suas jornadas descartáveis aos olhos do público. No papel principal de antagonista, temos mais um nome forte como Jessica Chastain (“Interestelar”); porém, Vuk é mal escrita, introduzida de forma aleatória na história, dificultando a sedimentação das suas motivações como válidas.
Na direção, Simon Kinberg traz poucas cenas visualmente impressionantes, mas sabe guiar a atuação de Sophie Turner a um tom equilibrado, que convence como uma Jean Gray sem controle de seus poderes. O resultado final, no entanto, marcado pelas refilmagens e adiamento de estreia certamente trouxe prejuízo à franquia, demonstrando que os melhores roteiros cinematográficos envolvendo os mutantes dos quadrinhos da Marvel Comics ficaram nos anos 2000.
“X-Men: Fênix Negra” encerra um ciclo que começou em 2002 e que tem extrema importância no que vemos em termos de adaptações dos quadrinhos para as telonas, mas talvez só agora, de volta às mãos do Marvel Studios, vejamos obras dignas do grupo de heróis que melhor representa a diversidade.
Ficha Técnica:
Ano: 2019
Duração: 114
Gênero: Ação, Drama e Aventura
Direção: Simon Kinberg
Elenco: Sophie Turner, Jennifer Lawrence, Jessica Chastain, Michael Fassbender e James McAvoy