No último domingo, dia 10 de janeiro, ocorreu em Hollywood a coroação dos melhores filmes do ano de acordo com a Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association”). A conhecida premiação consagrou os filmes “Perdido em marte”, de Ridley Scott, e “O Regresso”, de Alejandro Iñárritu.
O longa de Scott, que aborda a saga de um inteligente e espirituoso astronauta tentando sobreviver em Marte, surpreendeu por ter sido indicado na categoria Comédia. Ainda que bem humorado, o filme se destacava dos seus concorrentes, como “Descompensada” e “A espiã que sabia de menos”. Não é a primeira vez, no entanto que algo do tipo acontece: filmes de drama foram encaixados como comédia, atrizes principais como coadjuvantes, etc, em premiações de anos anteriores.
Fica claro que essa é uma tática um tanto duvidosa da Associação para premiar os seus favoritos. De qualquer forma, os prêmios de Melhor Filme de comédia e Melhor ator de comédia para Matt Damon impulsionam “Perdido em Marte” como um dos fortes concorrentes para angariar o Oscar de Melhor Filme no final de fevereiro.
O seu mais forte adversário é “O Regresso”, que angariou Globos de Ouro nas categorias similares no quesito drama. O filme ainda rendeu um Globo para Alejandro Iñárritu como Melhor Diretor, que perdeu a estatueta no ano passado para Richard Linklater, por “Boyhood”.
“O Regresso” também configura a melhor chance de Leonardo Di Caprio em anos para ganhar o Oscar. O ator vem notoriamente esquecido pela Academia e agora, na pele de um caçador que é deixado para trás pelos colegas, é atacado por um urso e tenta sobreviver para saciar seu desejo de vingança, destaca-se entre os seus potenciais concorrentes.
Dessa disputa sai enfraquecido “Carol”, que liderou as indicações ao Globo de Ouro mas saiu de mãos abanando. Sensível e intimista, não reflete o perfil de grandes premiações. Filmes desse cunho são geralmente indicados pela excelência mas pouquíssimas vezes saem com algum prêmio, salvo os das categorias de atores e atriz, o que não foi o caso.
Nesse sentido, a maior surpresa da noite foi a consagração da pouco conhecida do público Brie Larson como Melhor Atriz por “O quarto de Jack”, já que concorria com a favorita até então Cate Blanchett, por “Carol”. Um fator que atuou contra Blanchett foi o fato de concorrer com sua co-protagonista Rooney Mara, o que sempre acarreta em uma divisão dos votos e consequente premiação de outra atriz.
Na categoria comédia, a melhor atriz foi a queridinha Jennifer Lawrence que, aos 25 anos, consagrou-se como a mais nova atriz a ganhar três Globos de Ouro.
A veterana Kate Winslet ficou com o prêmio de Atriz Coadjuvante (que não diferencia entre gêneros) por “Steve Jobs”, que ainda levou o prêmio de Melhor Roteiro, e Sylvester Stallone ganhou por Melhor Ator Coadjuvante por “Creed- Nascido para lutar”. Nesse filme, ele revive o seu personagem mais famoso, Rocky Balboa, como coach do filho do seu antigo oponente e amigo, Apollo Creed. A atuação vem sendo bem recebida e pode lhe garantir um Oscar dada a simpatia que o universo criado por Stallone tem em Hollywood.
Sam Smith ganhou por melhor canção com sua composição para “007 contra Spectre”, “Writing’s on the Wall”. Já o prêmio de Melhor Trilha Sonora preteriu o veterano Alexander Desplat e o excelente trabalho de Carter Brunwell em “Carol” para homenagear Ennio Morriconne, responsável pelas melodias que embalavam as aventuras de Clint Eastwood no faroeste. O compositor revisitou o gênero a pedido de Quentin Tarantino para compor a trilha de “Os Oito Odiados”, ode do diretor ao western.
A premiação, que ainda coroa os melhores da televisão, serve como prévia do Oscar dado o alto número de votantes em comum e consequente similaridade dos resultados em algumas categorias.
O Oscar 2016 acontece em 28 de fevereiro e os indicados serão divulgados na próxima quinta-feira, dia 14 de janeiro.