Por Murillo Trevisan

 

Apesar de certa estagnação criativa, o cinema continua “buscando” novas maneiras de contar uma boa história. Seja na onda do Found footage, que surgiu na década de 80, mas se popularizou nos anos 2000 com o surpreendente sucesso de “A Bruxa de Blair”, ou neste caso, pelo popularmente denominado screen life movies, filmes contados a partir de uma tela de computador/celular.

Um dos nomes que gostam de se arriscar nesse anseio pelo diferente é o produtor russo Timur Bekmambetov, que já esteve envolvido com produções como “Hardcore: Missão Extrema”, longa filmado completamente em câmera subjetiva (ou primeira pessoa) e “Amizade Desfeita”, que usa a mesma técnica do screen life, mas com uma vertente mais para o terror.

 

 

Em “Buscando…”, Timur entrega ao estreante Aneesh Chaganty, que aqui dirige e co-escreve o roteiro, a difícil missão de colocar em tela (literalmente) um thriller investigativo, que prenda a atenção do espectador do início ao fim. O filme mostra um pai desesperado atrás de respostas para o desaparecimento de sua filha, seguindo as pegadas virtuais que ela deixou para trás em seu notebook e nas redes sociais.

Após uma emocionante introdução, que aos moldes de “UP – Altas Aventuras” nos apresenta e propõe identificação com a família Kim, somos colocados imediatamente sob a perspectiva de David (John Cho), um pai solteiro que sente dificuldades em se conectar com Margot (Michelle La), com a qual tem mais contato apenas através de mensagens de texto ou chamadas por FaceTime. Embora conformado com tal distância, ele desconfia quando vê três ligações perdidas da filha e não recebe mais respostas da adolescente pelas próximas 48 horas.

Ele então entra em contato com a polícia e conta com a ajuda da condecorada detetive Rosemary Vick (Debra Messing) para localizar a garota desaparecida, enquanto vasculha os computadores da casa em busca de rastros que Margot possa ter deixado. A investigação virtual, mostrada passo a passo em tela, faz com que nós observadores façamos parte de todo aquele suspense, tornando um simples ato de zerar uma senha no Facebook em algo angustiante.

 

 

Grande responsável por esse feito é a direção de Chaganty que, com sutis movimentos de tela (como um simples zoom), consegue conduzir o nosso olhar para elementos realmente importantes na averiguação dos fatos, tornando a imersão na trama ainda maior. O uso de distintos recursos de filmagem, seja a câmera do próprio notebook ou as de segurança usadas em estabelecimentos comerciais, fornece ao diretor uma gama maior de possibilidades para exploração e reforça a manifestação de que tudo é conectado, evidenciando ainda mais a desconexão pessoal entre pai e filha.

Outro grande mérito da obra – que merece exaltação pois o público costuma ser desprovido desse respeito – está na localização para o nosso idioma. O filme foi completamente traduzido para o português, colocando cada texto (mensagens, e-mails, aplicativos, notícias, sites) ao nosso entendimento, para que possamos fazer parte daquilo.

Apesar de todo êxito, a trama fraqueja levemente ao achar que necessita de uma explicação mais evidente do que aconteceu, como se o espectador que antes havia embarcado de cabeça na experiência não fosse capaz de entender o contexto final. Um pequeno detalhe, que não estraga em nada a experiência como um todo.

 

Pôster

 

 

Ficha Técnica

 

Ano: 2018

Duração: 102 min

Gênero: drama, mistério, thriller

Direção: Aneesh Chaganty

Elenco: John Cho, Debra Messing, Joseph Lee

 

Trailer:

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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