Nos tempos áureos da chamada era de ouro, magnatas da indústria disputavam poder e bilheteria com produções pautadas na resposta comercial, mas também no que desejavam projetar enquanto líderes do entretenimento. Há muito esse molde de produção foi remanejado, descartado e renascido em outra forma. No processo, a criação dos filmes pulverizou-se nas mãos de diversos produtores e a figura do “magnata de cinema” foi esquecido. No entanto, uma personalidade aproxima-se desse perfil pelo modo com que conduz os negócios: Harvey Weinstein.

Nome por trás de obras como “Shakespeare Apaixonado”, “Gangues de Nova York”, “O Lado Bom da Vida”, “O Paciente Inglês” e todos os filmes de Quentin Tarantino, ele comanda a The Weinstein Company com seu irmão Bob desde 2005, após a dupla ter deixado a Miramax, fundada por eles. É conhecido nos bastidores pela personalidade forte e instintiva, além da avidez pelo reconhecimento: na época de premiações, é comum vê-lo ao lado das estrelas de suas principais produções fazendo campanhas em jantares patrocinados.

 

Seu faro por bons filmes – que consigam ao mesmo tempo aceitação comercial e crítica – é há muito enaltecido, mas uma das suas grandes apostas tem feito Hollywood reavaliar essa posição. Filmado em 2014, “Amor e Tulipas” foi vendido por ele como “um filme de arte” a quem quisesse ouvir. No Festival de Cannes de 2015, ele mostrou clipes dessa obra em uma coletiva, onde apresentou novos nomes nos quais apostava: Dane DeHaan e Alicia Vikander, ainda relativamente desconhecidos.  A confiança era tanta no sucesso que Harvey comprou os direitos do livro no qual baseou o roteiro antes da publicação. O romance de Deborah Moggach tornou-se um best-seller e histórias de bastidores contam que Harvey empenhou-se em impulsionar a carreira de seus atores, estrategicamente botando-os em outras produções que fornecessem maior projeção à “Amor e Tulipas”.

No entanto, 2016 chegou e o longa foi mais uma vez postergado. De fato, foram quatro mudanças até o momento – sempre sem explicações e incluindo reposicionamentos sobre a amplitude da estreia – e o estranhamento causado aguçou os instintos dos jornalistas, que averiguaram que a TWC (The Weinstein Company), um dos maiores players de Hollywood, passa por dificuldades financeiras e já realizou uma onda de demissão em massa.

Mesmo assim, “Amor e Tulipas” não foi completamente engavetado. Após quatro anos de indecisão,  parece que o longa finalmente verá a luz do dia em setembro. Na última semana, porém, veio mais uma surpresa: as cabines de imprensa (eventos onde jornalistas assistem para escreverem sobre os filmes) foram todas canceladas nos Estados Unidos.  Junto, veio o aviso de que todos que viram à uma versão inicial do longa (exibida em 2015) deverão assinar um termo que os proíbe de postar qualquer crítica até o lançamento oficial, dia 01. Recursos como esse são usados em casos especiais, geralmente quando o produtor tem pleno conhecimento do impacto negativo que sua obra terá nos cinemas. É, dessa forma, uma medida de apaziguamento de impacto.

Diante dessa curiosa saga, especulações florescem sobre “Amor e Tulipas”, história de um jovem artista que se apaixona pela mulher que foi contratado para pintar. Juntos, os amantes apostam no mercado especulativo de tulipas para conseguirem dinheiro para a fuga. Um trailer  para maiores foi divulgado recentemente, mostrando detalhes da produção, que conta ainda com Judi Dench, Cara Delevigne e Christoph Waltz no elenco.

 

Nessa mesma semana, Harvey Weinstein divulgou que outra aposta da empresa foi adiada: “Mary Madgalene”, filme com Rooney Mara e Joaquin Phoenix, foi transferido do Natal (época propícia para premiações) para a Páscoa. Ele alega que o longa ainda não está finalizado e precisa de mais tempo. Deve-se ponderar que, nesse caso, a estratégia pode revelar-se inteligente, dado seu o tom bíblico, que o leva a ser muito consumido na época do feriado católico.

 

Fontes: Little Gold Men (Vanity Fair), Variety

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