Por Luciana Ramos

Michel (Bruno Podalydès) é um designer que passa os dias construindo cenários virtuais. Seu constante tédio revela uma certa apatia em relação à vida e dá vazão a pequenos sonhos escapistas. Em seu aniversário, ele ganha de presente aulas de voo, mas o usual comodismo o impede de usufrui-lo.

A iniciativa, no entanto, abre caminho para outro devaneio, descoberto quase acidentalmente: a canoagem. Ao se revelar próximo em engenhosidade à aviação, porém mais simples de manusear, ela atrai Michel, que impulsivamente começa a comprar objetos relacionados ao esporte sem o conhecimento da sua esposa (Sandrine Kiberlain).

um doce refugio 1

Essa atitude revela-se revigorante e, em pouco tempo, ele encontra-se em um rio prestes a embarcar na aventura, ansioso em explorar o que a natureza tem a lhe oferecer durante uma semana de folga. Porém, a tarefa apresenta-se muito mais complicada do que parece, rendendo diversas situações no mínimo embaraçosas.

Seus problemas parecem cessar quando ele encontra uma pousada remota no meio do caminho. Servindo-se da hospitalidade traduzida em boa comida e boas doses de absinto, o preguiçoso Michel luta internamente entre a sua vontade de completar a missão e a facilidade das regalias que o novo ambiente lhe proporciona.

 

Ao tratar o escapismo com bom humor e explorar de forma satisfatória a atratividade de cada possibilidade, “Um Doce Refúgio”, torna-se facilmente identificável, revelando-se leve e extremamente divertido.

O diretor e roteirista Bruno Podalydès, que também atua como protagonista, utiliza-se da paixão antiga do personagem por aviões como símbolo do desejo da liberdade que é comum em maior ou menor instância a todos. Presente em pequenos elementos durante toda a trama, sua promessa é contida na aventura planejada, mas contraposta à realidade, sempre mais impiedosa.

Tal embate reflete-se em sequências hilárias que exploram os pontos fracos de Michel na busca pelo riso. Ao mesmo tempo, revela-se mais complexo do que parece: seja pelo amadorismo ou pela predileção do protagonista em usufruir o lado bom da vida, o humor pontua a reflexão sobre as escolhas que esta oferece e as implicações de cada escolha.

Infelizmente, em determinado momento, a trama sente-se na obrigação de justificar o comportamento do seu personagem através de um contraponto com a sua esposa. Tal decisão mostra-se equivocada por ser absolutamente descartável e enfraquecer a complexidade até então trabalhada.

Entretanto, o filme revigora-se nos momentos finais, reforçando sua abordagem ao tema. Após o seu término, “Um Doce Refúgio” revela-se o escapismo perfeito para dias chatos, alimentando por um tempo os devaneios que acompanha cada um de nós.

Essa crítica faz parte da cobertura do Festival Varilux de Cinema Francês 2016

 

 

Ficha técnica um doce refugio poster


Ano:
 2015

Duração: 105 min

Nacionalidade: França

Gênero: comédia

Elenco: Bruno Podalydès, Sandrine Kiberlain, Agnès Jaoui

Diretor: Bruno Podalydès

 

 

Trailer:

 

 

 

Imagens:

 

 

Avaliação do Filme

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