Por Murillo Trevisan
São muitas as lendas em torno do Rei Arthur. Algumas com conotação mágica, outras não, todas especulam acerca dos seus feitos. Sua identidade é incerta, já que conhecida apenas por relatos escritos. Não há dúvidas, no entanto, sobre o seu impacto cultural, visto que ele personifica os ideais de um homem nobre e combatente talentoso.
Naturalmente, Arthur sofreu inúmeras releituras ao longo dos séculos, sendo o cinema uma das ferramentas a propor um novo olhar sobre o homem destinado a ser rei. Coube a Guy Ritchie o roteiro e direção da mais nova adaptação cinematográfica, intitulada “Rei Arthur: A Lenda da Espada”. Consigo, trouxe a roupagem moderna comum a seus filmes, complementada pela clara influência de outros produtos em voga, como os filmes de super-heróis.
Na sua história, Arthur (Charlie Hunnam) é um jovem órfão que foi criado por prostitutas em um vilarejo e aprendeu a se virar nas ruas com o que lhe fora oferecido. Sem maiores pretensões ou um rumo definido para a sua vida se viu, aos trinta anos, diante do seu destino ao ser o único a retirar a famosa espada Excalibur de uma pedra. O evento o leva a um processo de descoberta do seu passado, mas o põe em confronto direto com o Rei Vortigern (Jude Law), seu tio, que anseia pelo seu extermínio.
Há um esforço claro do roteiro em afastar-se um pouco das características originais do personagem em prol de uma abordagem mais popular. O Arthur de Ritchie é menos um exemplo da nobreza e mais um produto das ruas. Sua vertente malandra, descolada muito tem a ver com o sucesso dos filmes de super-heróis, de onde o diretor adota referências: toda a estruturação narrativa deriva do contraponto entre sequências elaboradas de ação e outras pontuadas por piadas, proferidas pelo protagonista.
Com isso, deixa-se de lado uma maior preocupação com a trama em si, que usa de acasos convenientes como forma de encurtar a jornada de Arthur. O uso exacerbado desses atalhos narrativos bota em cheque a credibilidade de toda a história, revelando a sua fraqueza.
Como forma de camuflar a preguiça do roteiro, a edição característica do diretor exerce um importante papel na conexão dos fatos, além de conceder uma aura moderna ao filme. A união de enquadramentos ligeiramente diferentes, que oscilam em ritmo, auxilia na compreensão da história, mas por vezes se perde em meio à movimentação de câmera frenética, que não oferece claramente um guia para o olhar do espectador.
Construído fragilmente como um filme de origem, “Rei Arthur: A Lenda da Espada” segue a cartilha mercadológica de Hollywood e, no processo, esquece a sua relevância.
Poster
Ficha Técnica:
Ano: 2017
Duração: 126 min
Nacionalidade: EUA
Gênero: ação, aventura, fantasia
Elenco: Charlie Hunnam, Jude Law, Djimon Hounsou, Eric Bana
Diretor: Guy Ritchie
Trailer:
Imagens: