Por Luciana Ramos
Certos filmes oferecem uma agradável sensação de prazer e reconforto sensorial. É o caso de “Paris Pode Esperar”, um road movie gastronômico que explora a beleza do sul da França e a simpatia de seus atores. Na trama, Anne (Diane Lane) é uma mulher de meia-idade que acompanha o marido Michael (Alec Baldwin), um produtor de cinema, em uma viagem à Cannes. A rotina assoberbada e estressante do marido a faz observar a paisagem e as pessoas pela janela do seu quarto; ou melhor, pela lente de sua câmera fotográfica.
Um imprevisto o faz partir para Budapeste e Anne toma uma decisão: pegar uma carona com o sócio do marido, Jacques Clèment (Arnaud Viard), para Paris, afim de aproveitar um pouco os potenciais turísticos da cidade. A bordo de um carro velho, os dois seguem uma viagem que deveria durar sete horas, mas estende-se por mais de um dia: apesar da insistência prática de Anne em chegar ao destino, Jacques realiza sucessivas paradas ao longo do caminho para aproveitar o que a região tem de melhor.
Aos poucos, a espontaneidade da viagem a encanta e ela se vê seduzida pelos melhores vinhos, os pratos mais saborosos, além de arquitetura fascinante e paisagens rurais encantadoras. Consequentemente, se vê mais solta e apta a experimentações, engajando-se em registrar cada minuto, o que a faz questionar suas possibilidades.
Assim se desenvolve o primeiro longa de ficção de Eleanor Coppola que, aos 81 anos, distancia-se dos curtas e documentários que a tornaram famosa, como “Apocalipse de um Cineasta”, para celebrar a beleza escondida na imprevisibilidade. O roteiro oferece possibilidades e acerta em não se preocupar demasiadamente com resoluções, permanecendo fluido e despretensioso. No entanto, isso acarreta em uma armadilha, já que o impede de um aprofundamento maior: o filme não provoca grandes reflexões, atendo-se a uma sucessão de passagens agradáveis.
Ainda assim, revela-se encantador pela combinação de beleza das paisagens, enaltecidas por uma fotografia competente, com o carisma dos atores. Destaca-se Diane Lane, cujo papel lembra outro trabalho seu, “Sob o Sol da Toscana”. Ela mostra-se bem à vontade na pele de Anne e exprime o deleite em apreciar os maravilhosos pratos e caminhos que lhe são apresentados, sempre com leveza e simpatia.
“Paris Pode Esperar” é um daqueles filmes que deve ser saboreados diversas vezes por conter o prazer despreocupado que somente boas experiências podem trazer.
Pôster:
Ficha técnica
Ano: 2017
Duração: 92 min
Nacionalidade: EUA, França
Gênero: romance, drama
Elenco: Diane Lane, Arnaud Viard, Alec Baldwin
Diretor: Eleanor Coppola
Trailer:
Imagens: