Por Murillo Trevisan

 

São notórios os esforços que os estúdios vem realizando para engrenar novas concepções a partir de uma fonte que sempre foi sinônimo de lucro no mundo no entretenimento: os “games”. Só entre 2016 e o início de 2018 já foram 4 lançamentos, com mais 8 anunciados para os próximos 3 anos. O resultado é quase sempre aquém do esperado, um fiasco em termos de realização e arrecadação. Exceções à regra são produções que abordam o assunto como tema,  como os grandes sucessos  “Jogador N 1” e “Jumanji”, e não como adaptação direta de uma obra. Tanto que no meio crítico existe o estigma de maldição para esse modelo de adaptação.

Sem pretensões de quebrar qualquer tipo de esconjuro, “Rampage: Destruição Total” transpõe para as telonas um jogo na qual a finalidade é, assim como no título que carrega, a demolição de cidades utilizando criaturas colossais, com o único objetivo de entreter, sem apegar-se à um grande argumento. O filme, por motivos óbvios, tenta oferecer um background aos fatos que o fizeram chegar a este ponto.

Na trama, Davis Okoye (Dwayne Johnson) é um primatologista, um homem recluso que compartilha um apego muito mais intenso com os animais do que com os próprios humanos ao seu redor. Essa demonstração fica evidente no princípio, ao intrometer-se na tentativa de sedução entre dois biólogos estagiários, interpretados por Jack Quaid (“Jogos Vorazes”) e Breanne Hill (“Frontier”). Na passagem em questão, Okoye diz que a cantada que o jovem está jogando na garota é uma “mentira absurda, mas que pode ser divertida”, já anunciando ao espectador o que vem pela frente.

 

Quando um experimento genético atinge acidentalmente um grupo de predadores no qual inclui George, um gorila albino que Okoye resgatou ainda filhote, os animais se transformam em enormes monstros que destroem tudo em seu caminho. A motivação para que o protagonista embarque nesta jornada está em conseguir um determinado antídoto para impedir que seu amigo provoque uma catástrofe global. Porém, do outro lado estão os irmãos Claire e Brett Wyden, interpretados por Malin Akerman (“Watchmen”) e Jake Lacy (“Carol”), líderes do laboratório responsável pela criação do tal experimento.

Mais caricatos que vilões do Austin Powers (comédia de Mike Myers que parodia os filmes do James Bond), Malin e Jake erram a mão e exageram no tom, ela pelo cinismo hiperbólico descabível à devida personagem, enquanto ele se assume um completo “acéfalo” bestalhão, sem a mínima profundidade para insinuar um fomento de vilania. Salvo Jeffrey Dean Morgan (“The Walking Dead”), que dá vida ao ambíguo agente federal Harvey Russell –  personagem que entra em uma disputa de egos com o protagonista – o elenco não tem o brilho necessário para segurar a rasa trama.

 

Nem mesmo o segundo astro mais bem pago de Hollywood consegue mostrar-se em seu total potencial, atuando com superficialidade em um roteiro que foi escrito para ele. Cada fala ou piada escrita serve de gatilho para que “The Rock” lance alguma frase de efeito ou seu olhar característico. Porém, a reiteração dessa prática promove um humor forçado e previsível, com diálogos cafonas e piegas.

“Rampage” não chega a ser uma desastre total, uma vez que as cenas de demolição da cidade pelas criaturas, que é o verdadeiro foco do game adaptado, são bem executadas e servem de sustentação para evitar um maior desastre. Uma pena durarem só de 20 a 30 minutos em um filme de quase 2 horas. O CGI que dá vida aos monstros são realmente impressionantes, mas nos fazem questionar se a real intenção da produção não serviria mais como um teste de tecnologia (uma vez que a Warner detém os direitos dos longas de King Kong e Godzilla) do que como uma obra por si só.

 

Pôster

 

Ficha Técnica

Ano: 2018
Duração: 107 min
Gênero: ação, aventura, ficção científica
Direção: Brad Peyton
Elenco: Dwayne Johnson, Naomie Harris, Malin Akerman, Jeffrey Dean Morgan, Joe Manganiello

Trailer:

Imagens:

Avaliação do Filme

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