Por Bruno Tavares
Em janeiro de 2015 o Charlie Hebdo, periódico satírico francês, foi alvo de um atentado terrorista. Dois irmãos invadiram a sede do jornal em Paris e abriram fogo contra os colaboradores que estavam na redação. Ao todo, doze pessoas foram mortas e cinco ficaram gravemente feridas. Tal ato aconteceu em resposta à uma publicação anterior da revista onde o profeta Maomé foi retratado, algo considerado proibido pelo islamismo.
Este triste fato impulsionou manifestações solidárias em todo o ocidente. Entre as pessoas tocadas pelo evento está o diretor argentino Iván Granovsky, que decidiu produzir um filme/documentário sobre diferentes eventos e conflitos geopolíticos ao redor do mundo. Filho de um importante jornalista, ele utilizou as influências e a rede de contatos do pai nesta empreitada: para sua produção, conversou com repórteres que trabalharam como correspondentes de guerras em diversas partes do globo.
Mesmo com uma sinopse interessante, o que vemos em tela é uma verdadeira decepção. Iván se mostra extremamente fútil nas cenas mais biográficas do flonga e demonstra grande inexperiência durante as entrevistas. A impressão deixada é que não foi elaborado um roteiro claro que orientasse as gravações. Como consequência, assistimos a cenas soltas que nada tem a ver com a trama original. Por vezes, Granovsky evidencia não saber qual será seu próximo destino ou a quem recorrer quando chega em uma nova cidade. Sua única vontade real é a de não voltar para casa.
Nesse contexto, o filme mostra-se o fruto do trabalho de um garoto mimado que usa o projeto como desculpa para viajar. Em diversos momentos, o diretor/personagem confessa que toda a empreitada é bancada por sua mãe. Nascido em uma família abastada, ele ignora as mensagens dos seus progenitores e fica meses sem dar notícias à família. Quando confrontado com as mínimas dificuldades, o argentino desiste e volta correndo para o colo do pai. No que toca à estrutura documental, Granovsky também apresenta um trabalho mambembe. Devido à levianidade com que as gravações foram conduzidas, as entrevistas são rasas e em nada agregam à narrativa.
Para os interessados em documentários sérios que retratem os embates recentes mundo afora, fica a sugestão do aclamado “Capacetes Brancos”, que narra a situação de Aleppo, na Síria. Outra opção é o excelente “Winter on Fire” (sem tradução para o português), que explica em primeira mão a guerra na Ucrânia. Quanto a “Los Territorios”, este deve permanecer sendo o que é: a desculpa de um jovem privilegiado para viajar pela Europa.
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Ficha Técnica:
Ano: 2017
Duração: 101 min
Gênero: Drama / Documentário
Diretor: Iván Granovsky
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