Por Melissa Vassalli

 

Pablo Escobar Gaviria fez fortuna como um dos maiores narcotraficantes da história, chefiando o cartel de Medellín. O colombiano, que veio de uma família simples, aos 35 anos já havia se tornado um dos homens mais ricos do mundo. Foi morto em uma operação policial em 1993, aos 44, mas não sem antes se tornar um mito. Isso levou a sua história a ser explorada em mídias diversas, como livros, séries e filmes, trazendo um novo tipo de rendimento para sua família e pessoas que se relacionaram com ele, além da indústria do entretenimento como um todo.

O filme “Escobar: A Traição”, estrelado por Javier Bardem, é o mais recente lançamento inspirado em sua trajetória, e foi adaptado do livro “Amando Pablo, Odiando Escobar”, escrito pela apresentadora Virgínia Vallejo, com quem ele manteve um relacionamento extraconjugal durante anos.

 

 

Virgínia, interpretada por Penélope Cruz, nunca se importou com a origem do dinheiro de seu amante, mas sim com a forma como ele o utilizava. O traficante chegou a construir casas populares na periferia de Medellín, o que no filme é apresentado como um dos motivos para ela ter se apaixonado. Mas nada vem de graça. Ao intervir pelos mais pobres, Escobar estava também construindo seu próprio exército, com soldados dispostos a morrer pelo seu líder.

Ela também era devota a ele, e a proposta do filme era adaptar a história do traficante a partir de seu ponto de vista, o que não funciona. Escobar era contraditório, sedutor e violento ao mesmo tempo, e certamente haveriam muitos aspectos do relacionamento entre os dois que poderiam ser explorados pela obra mas, ao fim, a personagem principal é relegada ao papel de narradora da ascensão e queda de seu amante. Por mais que ela tivesse uma história a ser contada –  como já relatou inclusive que foi estuprada por Pablo – o longa se rende fácil ao desejo de narrar as excentricidades dele, em detrimento da rica história da mulher.

 

 

Além disso, a traição sugerida pelo título em português não ocorre (o original é “Loving Pablo”, uma referência mais direta ao livro de Vallejo). Virgínia teve autonomia suficiente para enfrentar Escobar e se separar​ dele, mas isso não implica diretamente em uma traição. Na verdade, ela resiste em entregar seu amante diversas vezes, colocando sua própria vida em risco, e só passa a ponderar essa possibilidade quando ele se nega a ajudá-la. 

Mas isso não significa que o longa não tenha suas qualidades. Com uma história como a de Pablo Escobar em mãos, o diretor  Fernando Léon de Aranoa entrega um bom filme de ação, o que Hollywood sabe fazer de melhor, e com humor ácido e cenas surpreendentes, faz um retrato do caráter megalomaníaco do notório traficante.

 

Pôster

 

 

Ficha Técnica

 

Ano: 2017

Duração: 125 min

Gênero: drama, policial

Diretor: Fernando León de Aranoa

Elenco: Javier Bardem, Penélope Cruz, Julieth Restrepo, Peter Sarsgaard

 

Trailer: 

 

 

Imagens:

 

 

 

 

 

 

Avaliação do Filme

Veja Também:

Rivais

Por Luciana Ramos Aos 31 anos, Art Donaldson (Mike Faist) está no topo: além de ter vencido campeonatos importantes, estampa...

LEIA MAIS

Guerra Civil

Por Luciana Ramos   No fascinante e incômodo “Guerra Civil”, Alex Garland compõe uma distopia bastante palpável, delineada nos extremos...

LEIA MAIS

A Paixão Segundo G.H.

Por Luciana Ramos   Publicado em 1964, “A Paixão Segundo G.H.” foi há muito considerado um livro inadaptável, dado o...

LEIA MAIS