Por Murillo Trevisan

 

Quando surgiu em 2004 com “Jogos Mortais”, James Wan não imaginava que seu nome se tornaria sinônimo de excelência no gênero terror. Após o absoluto sucesso de público e crítica do primeiro filme do assassino Jigsaw, que posteriormente se tornaria uma infindável franquia (da qual continuou como produtor executivo), Wan firmou um longo casamento com a New line Cinema e a Warner Bros onde, nove anos depois, lançaria sua outra grande obra: “Invocação do Mal”.

O resultado do longa que acompanha as investigações paranormais do casal Ed e Lorraine Warren foi tão surpreendente, que no ano seguinte já angariou um spin-off para contar a história da boneca demoníaca “Annabelle”. Embora a qualidade tenha sido muito aquém do produto original, o filme faturou mais de US$ 257 milhões, tendo custado apenas US$ 6,5 milhões, que abriu caminho para novas produções.

Se “Invocação do Mal” foi o responsável por nos revelar a “Annabelle”, sua sequência direta nos apresenta a temida freira Valak, que agora também ganha seu próprio filme de origem e integra o chamado “Conjurinverse” (Universo da franquia “Invocação do Mal”, ou “The Conjuring” no título original).

 

 

O filme já começa com um previously de “Invocação do Mal 2”, mostrando logo de cara que faz sim parte desse universo e que não terá forças para se sustentar sozinho. Os fragmentos das cenas mostram Lorraine Warren (Vera Farmiga) e suas visões com Valak, rememorando o público de onde já haviam visto aquela aparição demoníaca. Vinte e cinco anos antes, em 1955, uma freira comete suicídio em um convento na Romênia e o Vaticano encarrega o padre Burke (Demián Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga) para investigar o caso. Guiados por um trabalhador da região, o franco-canadense Frenchie (Jonas Bloquet), os dois descobrem que o acontecimento é frutos de um problema muito maior e terão de lidar com forças malignas sobrenaturais.

A escolha de Taissa Farmiga (“American Horror Story”) para protagonizar o filme foi certeira, embora possa causar confusão ao espectador devida à grande semelhança com sua irmã Vera Farmiga (“Bates Motel”), protagonista do longa original. A jovem mulher nos convence de seu talento e segura o filme com seu carisma. A aura inocente da noviça traz leveza e contrapõe o clima carregado do terror, que mesmo de maneira errônea – só utilizando luz baixa e exagerando no jumpscare – se faz presente do início ao fim.

Já Jonas Bloquet (“Elle”), faz apenas o básico que lhe é exigido para um personagem tão desvalorizado pelo ineficaz roteiro de Gary Dauberman (“It: A Coisa”) e do próprio James Wan. Ao final da projeção, descobrimos a importância de Frenchie para a franquia, mas aqui é reduzido à alívio cômico e possível interesse amoroso da noviça. Nem suas cenas de lamentações no bar do vilarejo, onde curiosamente todos só falam inglês, são o suficiente para aprofundar a sua personalidade.

 

 

É difícil evitar a comparação com os dois únicos longas desse universo dirigidos por James Wan (Invocação do Mal 1 e 2), uma vez que estes priorizam a qualidade técnica, além de contar uma boa história. Ambos narram eventos baseados em acontecimentos existentes e focados em relatos reais, que não abrangem a necessidade de criar uma origem para eles, como é o caso dos spin-offs. O “fator Wan” dentro do set, com controle absoluto da obra, parece ser essencial para um resultado satisfatório, uma vez que, quando atua apenas como produtor executivo (ou até escrevendo o roteiro, como é o caso do filme em questão), o produto cinematográfico não sai da mediocridade.

Abusando da moda de “Universo Compartilhado” que ronda Hollywood, o longa de Corin Hardy (“A Maldição da Floresta “) resulta em mais um spin-off fraco e desnecessário, se apoiando no grande sucesso de seus originais (utilizando cenas deles no início e fim da projeção) para mostrar o irrelevante gênese de toda maldição. “A Freira” acaba sendo aquele filme que você não sabia que não queria, mas tinha certeza de que não precisava.

 

Pôster

 

 

Ficha Técnica

 

Ano: 2018

Duração: 96 min

Gênero: terror, mistério, thriller

Direção: Corin Hardy

Elenco: Taissa Farmiga, Demián Bichir, Jonas Bloquet, Bonnie Aarons

 

Trailer:

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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