Por Luciana Ramos

Em meio a sucessivos lançamentos de filmes de super-heróis, a Universal Pictures se viu sem um universo compartilhado para chamar de seu. Resolveu então fuçar no seu patrimônio intelectual em busca de uma franquia que parecesse atraente o suficiente para garantir altos índices de lucros e, assim, decidiu resgatar na sua origem os monstros que tornaram o estúdio um dos principais players de Hollywood.

Em 2014, lançou “Drácula”, que deveria ser o pontapé inicial da nova fase. A má recepção por parte do público e da crítica explica porque esse filme nem sequer é lembrado passados apenas três anos: foi devidamente soterrado para dar lugar a outra produção que fosse forte o suficiente para servir de iniciação do “dark universe”. Coube a Tom Cruise assumir a tarefa de protagonizar “A Múmia” e despertar o interesse pela nova franquia. Infelizmente, o resultado é extremamente decepcionante: o filme não passa de um subproduto genérico que é incapaz de despertar qualquer emoção que não seja o enfado.

Cruise interpreta Nick Morton, um soldado responsável por tarefas de reconhecimento de campo em terrenos hostis, mas que aproveita sua posição para contrabandear antiguidades com seu parceiro Chris (Jake Johnson). Durante uma expedição, descobre acidentalmente uma tumba egípcia em território iraquiano e é alertado pela arqueóloga Jenny Halsey (Annabelle Wallis) que isso não deve ser bom sinal. Levianamente, ele decide abri-la e liberta a princesa Ahmanet (Sofia Boutella), em estado mumificado, que deseja completar sua missão de trazer o mal ao mundo dos vivos.

 

 

a mumia 1

 

Seguem-se as já esperadas explosões, mortes e perseguições, entrelaçadas em uma narrativa extremamente frágil, que une elementos de maneira forçosa. A jornada de Nick, por assim dizer, caminha de acordo com a conveniência: ora guiado por suas visões, ora por um morto-vivo camarada, ele é conduzido aos lugares onde as ações-chave se desencadearão – sem a menor preocupação com nexo causal ou aprofundamento do tema. A trama caminha entre clichês e a exploração de uma múmia hiperssexualizada, com direito a participação do Dr. Jekyll (Russell Crowe), que deveria canalizar a dualidade do bem e do mal, mas que simplesmente não convence.

A falta de esmero do roteiro é notada também no uso excessivo de diálogos como forma de impulsionar a trama. Quando a narração em off não faz o papel didático de explicar os pormenores do enredo, algum diálogo verborrágico encarrega-se disso. O artificialismo acompanha as oscilações de tom do longa, que ora se propõe ao terror, ora ao romance ou à ação. Nenhum desses elementos é bem trabalhado o suficiente para que funcione, mas nada é pior do que a ineficiência do humor, que provoca constrangimento pela falta de graça.

 

a mumia 2

 

 

Ao contrário de outros blockbusters que deixam a desejar no roteiro mas redimem-se parcialmente por aspectos técnicos, “A Múmia” não revela atrativos estéticos. A fotografia é escura e insossa e os efeitos especiais não são bons o suficiente para encantar os olhos do espectador. Ademais, sente-se falta de uma direção mais apurada ou autoral do que a de Alex Kurtzman, em seu segundo filme.

Insosso e mal construído, “A Múmia” não deixa de marcar um início decepcionante para o planejado universo de monstros compartilhado da Universal. Trazendo Tom Cruise em um dos piores papeis da sua carreira, é um produto que não conseguiu encontrar relevância ao longo de quase duas horas. Depois dessa decepção, será difícil convencer o espectador a consumir os demais filmes da nova franquia.

 

 

Pôster:

 

a mumia  poster

 

Ficha técnica


Ano:
 2017

Duração: 110 min

Nacionalidade: EUA

Gênero: ação, aventura, fantasia

Elenco: Tom Cruise, Russell Crowe, Annabelle Wallis, Sofia Boutella, Jake Johnson

Diretor: Alex Kurtzman

 

 

Trailer:

 

 

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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