Por Murillo Trevisan
Embora seja um ator querido pelo público, Keanu Reeves não leva uma fama muito boa quando o assunto é atuação. Com a “cara de pôster” de sempre já participou de filmes cultuados como “Bill & Ted – Uma Aventura Fantástica”, “Advogado do Diabo”, “Matrix”, entre outros.
Em 1991 fez parceria com Patrick Swayze (“Ghost – Do outro lado da vida”) no longa de Kathryn Bigelow (“Guerra ao Terror”), “Caçadores de Emoção”. Um thriller de crime e ação que teve seus momentos de glória, mas que com o avanço da indústria cinematográfica ficou um pouco datado para o gênero. Era preciso uma atualização, e como Hollywood não perde tempo, ela veio. Trouxe junto Luke Bracey (“November Man: Um espião que nunca morre”), para fazer qualquer um sentir saudades de Keanu Reeves.
Johnny Utah (Luke Bracey) é um jovem agente do FBI, que se infiltra em uma equipe de esportistas aventureiros, liderados por Bodhi (Edgar Ramirez), que são os principais suspeitos de uma onda de crimes que vem ocorrendo. Disfarçado, Utah tem que se provar digno e confiável para entrar no grupo, colocando em risco a própria vida.
O plot nos remete bastante a um filme bem conhecido do público, onde um agente do FBI se infiltra num grupo de pilotos de carros “tunados” que cometem diversos crimes. Sim, “Velozes e Furiosos”, do qual o diretor Ericson Core (“O Invencível”) fez a fotografia. “Caçadores de Emoção: Além do Limite” bebe muito na fonte dessa franquia, que por sua vez bebeu de “Caçadores de Emoção” de 1991. Chega a ser um “Inception”! A renovação da qual foi prometida, se concretizou! O que antes era um plot simples envolvendo surfistas e poucas cenas de paraquedismo se transformou em um roteiro mais aprofundado e ampliou a gama de esportes.
Dessa vez, as motivações dos crimes são mais plausíveis, questionando o que é “certo ou errado”, já que enxergam seus atos como retribuição à natureza. Também temos cenas mais bem elaboradas, nos dando belas acrobacias de motocross, paraquedismo, wingsuit, surfe e alpinismo, tudo isso num cenário deslumbrante.
O maior problema da produção fica por conta de seus protagonistas. Quando antes tínhamos Keanu Reeves e Patrick Swayze esbanjando simpatia, agora temos que lidar com os apáticos Luke Bracey e Édgar Ramirez. Ambos parecem ter sido escolhidos para seus papéis apenas pelo porte atlético. Há momentos em que uma dramaticidade maior é exigida em tela e Bracey não consegue dar conta.
O agente Pappas, vivido pelo divertido Gary Busey (“Maquina Mortífera”) no longa original, foi substituído pelo caricato Ray Winstone (“A Invenção de Hugo Cabret”), que tirou todo o sentido do personagem na trama. No elenco feminino, além das dezenas que aparecem em tela exibindo os corpos de biquíni, temos Teresa Palmer (“Meu namorado é um zumbi”), que não consegue aproveitar o pouquíssimo tempo de tela que lhe foi dado.
Apesar da tentativa promissora de se tornar uma nova franquia de ação/aventura, “Caçadores de Emoção: Além do Limite” erra feio na escolha do elenco e fracassa até como “remake de um filme datado”.
Ano: 2016
Duração: 114 min
Nacionalidade: EUA
Gênero: ação, crime, esporte
Elenco: Édgar Ramírez, Luke Bracey, Ray Winstone, Teresa Palmer
Diretor: Ericson Core
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