Por Luciana Ramos
Quando perguntado sobre a razão que o levou a arriscar a vida pela terceira vez na tentativa de escalar o Evereste, o carteiro Doug (John Hawkes) respondeu: “Porque eu posso”. A resposta, apesar de sucinta, transmite o sentimento que permeia todo o filme do diretor Baltasar Kormákur: chegar ao topo do lugar mais alto do mundo nada mais é do que superar a natureza.
O dia 10 de maio de 1996 prometia ser um ponto alto para as empresas de aventura Adventure Consultants, de Rob Hall (Jason Clarke) e Mountain Madness, de Scott Fisher (Jake Gyllenhaal): os experientes escaladores pretendiam levar todas as pessoas de seus grupos para o topo da montanha mais alta do mundo. Desde o início dos anos 90, os dois profissionais haviam comercializado a escalada ao Monte Everest, proporcionando a experiência a pessoas comuns que desejavam conquistar algo extraordinário.
Os perigos eram imensos, como Rob fez questão de destacar: assim que um humano pisa os pés na base da montanha, seu corpo começa a morrer. Além da sensação de sufocamento provocada pelo ar rarefeito, outros efeitos incluem a possibilidade de confusão mental, risco de congelamento e consequente perda das extremidades corporais.
Por isso, o cuidadoso Rob planeja meticulosamente a excursão e conta com a gerente de comunicações Helen (Emily Watson) para te auxiliar. Mesmo assim, a soma de pequenos erros provocou um resultado assombroso.
Isoladamente, a chance extra dada a um dos participantes, a errônea mistura de tanques de oxigênio cheios com vazios, um trecho sem cordas pré-fixadas são meros detalhes. Porém, esses eventos somados ao aparecimento de uma tempestade forte transformou a experiência numa das maiores catástrofes já registradas na região.
Ainda que seja atraente a ideia de acompanhar esses personagens lutarem contra a Natureza pela sobrevivência ao longo de duas horas, dois erros estruturais de roteiro transformam “Evereste” em uma experiência cinematográfica morna.
Há, primeiramente, uma preocupação exaustiva em mostrar o passo-a-passo da excursão, todos os pontos obrigatórios da caminhada e suas particularidades, o que é interessante a título de curiosidade mas pouco contribui para a imersão no drama.
Ainda mais prejudicial é o fato de este ser uma obra com extenso elenco. Como usual em filmes do tipo, o tempo de tela gastado apresentando os personagens é insuficiente e superficial. Como resultado, não há construção da empatia necessária para emocionar o público nos ápices dramáticos. Com isso, o destino de cada um deles não provoca o impacto necessário para transformar o longa em uma experiência marcante.
Por outro lado, a qualidade técnica é indiscutível, sendo a fotografia o maior destaque. Os enquadramentos, em especial as panorâmicas, acentuam a sensação de inferioridade do homem frente a magnitude dos picos gélidos.
O drama de aventura “Evereste” remonta os acontecimentos trágicos passados no ponto mais alto da montanha em meados de 1996. Ainda que não emocione, é uma história real extrema e interessante. Recomendado para os mais aventureiros.
Ano: 2015
Duração: 121 min
Nacionalidade: EUA
Gênero: aventura, drama, suspense
Elenco: Jason Clarke, Emily Watson, Robin Wright, Keira Knightley, Jake Gyllenhaal, Josh Brolin
Diretor: Baltasar Kormákur
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