Por Luciana Ramos

Um dos principais personagens da Marvel, o Homem-Aranha, foi devidamente explorado em filmes que se apoiavam no seu apelo comercial. As duas primeiras produções, conduzidas por Sam Raimi, foram recebidas com empolgação. A terceira parte da franquia, com desapontamento. A tentativa posterior de reboot, batizada de “O Espetacular Homem-Aranha” e dirigida por Marc Webb, escancararam os problemas dessas produções: o enxugamento narrativo em prol de lucros nas bilheterias. Consequentemente, o público mostrou o seu enfado e, assim, uma reestruturação muito bem-vinda pôde ser feita. Foi firmada uma parceria da Marvel com a detentora dos direitos do aracnídeo, a Sony, o que levou à integração do super-herói no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) e um novo filme solo.

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Como esperado, “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” apoia-se bastante no MCU, estruturando toda sua narrativa ao redor dos acontecimentos de longas anteriores, que fornecem inclusive a motivação do vilão. Isso, porém, mostra-se positivo, pois liberta o roteiro de ter que retratar a saturada estória de origem de Peter Parker para lidar com seus problemas existenciais, típicos de um adolescente de quinze anos. A narrativa espertamente começa lembrando momentos de “Capitão América: Guerra Civil” pelos olhos do protagonista, ou melhor, do seu celular, recurso muito bem utilizado por dialogar com o público-alvo do filme. De volta a sua realidade no Queens, Peter (Tom Holland) sofre pela ansiedade de ser contatado por Tony Stark (Robert Downey Jr.) para enfim integrar a equipe dos Vingadores. A angústia de provar o seu valor move suas escolhas, o que lhe põe frente a um poderoso – e racional – vilão. O roteiro, escrito a cinco mãos, diferencia-se dos anteriores pelo tom, magnitude e tratamento dos personagens. A megalomania visual é um pouco suavizada (embora permaneça apelativa) em prol do desenvolvimento da ambientação do protagonista.

Os melhores momentos do longa passam-se na escola, onde Peter é retratado como um jovem um tanto excluído que teria seus problemas de popularidade sanados com a revelação de identidade, mas tem a moral sólida o bastante para não o fazer. Vestindo o traje de super-herói, ainda sofre com a inexperiência e uma boa dose de decisões equivocadas, o que rende boas risadas. O cuidado de construção do protagonista estende-se aos personagens coadjuvantes, sendo os destaques Michelle (Zendaya), uma garota estranha com sacadas irônicas, e Ned (Jacob Batalon), seu melhor amigo, que funciona como um excelente alivio cômico. É exatamente a preocupação em humanizá-los que culmina na construção de um bom vilão.

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Adrian Toomes (Michael Keaton) é alguém racional, que se incomoda com a perda do seu emprego para as Indústrias Stark e decide fazer algo a respeito. Suas motivações são bem fundamentadas em uma dualidade que o torna bem mais complexo que o usual. O olhar prático sobre as funcionalidades da sua fantasia (derivadas estritamente da tecnologia, não de poderes) o aproxima do real, e assim, do crível.

O molde narrativo é preenchido por ótimas atuações, a começar pela de Michael Keaton, que trabalha a complexidade de seu personagem através de expressões faciais. Seu contraponto é Tom Holland, que usa muito do humor físico para compor um jovem ansioso, de bom coração e um pouco destrambelhado. Como complemento, expressa no olhar a decepção de não ser levado a sério e, como se não fosse o bastante, é ajudado pelo rosto juvenil, muito mais próximo da essência do super-herói do que os atores que o interpretaram anteriormente. Conforme citado, em meio às cenas de ação, muito bem filmadas, o filme foca no ambiente escolar e oferece aos fãs do subgênero referências ao mestre John Hughes em dois momentos, o que torna a produção ainda mais gostosa de ver.

Ainda assim, não se aproxima da perfeição e comete alguns pequenos deslizes, como a falta de química entre Peter e Liz (Laura Harrier) e a sua extensão à marca de duas horas e meia. Estes, porém, mostram-se bem pequenos diante do todo: essencialmente, o filme de Jon Watts mostra-se consistente, divertido e visualmente apelativo. As suas qualidades tornam “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” um deleite, algo que pode ser consumido diversas vezes sem exaustão dado o frescor com que trata um personagem tão querido dos quadrinhos.

 

 

Pôster:

 

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Ficha Técnica

Ano: 2017

Duração: 133 min

Nacionalidade: EUA

Gênero: ação, aventura, ficção científica

Elenco: Tom Holland, Robert Downey Jr., Jon Favreau, Maris Tomei, Michael Keaton

Diretor: Jon  Watts

 

 

Trailer:

 

 

 

 

Imagens:

 

Avaliação do Filme

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