Por Murillo Trevisan
Você já deve ter ouvido falar que os dinossauros, que por milhares de anos reinaram na Terra, foram extintos provavelmente por causa do choque de um asteroide com a Terra há cerca de 65 milhões de anos. Mas e se esse asteroide tivesse desviado e os dinossauros nunca tivessem sido extintos? Esse é o questionamento que “O Bom Dinossauro” faz.
Arlo (voz de Raymond Ochoa) é o caçula de uma família de apatossauros, que sofre por não ter a mesma notoriedade de seus irmãos, devido a sua dificuldade de cumprir as metas nos trabalhos designados pelos seus pais. Ao tentar se provar digno de deixar sua marca (tradição familiar, marcando a pata suja de lama em uma pedra), ele encontra Spot (voz de Jack Bright), uma criança humana que o acompanhará em sua jornada.
A trama é contada de forma direta e simples. Porém, é essa simplicidade que acaba por deixá-lo bem abaixo das produções anteriores do estúdio (“Divertida Mente”, “Universidade Monstro”, “UP – Altas Aventuras”). O filme faz um conglomerado de “inspirações” em clássicos da Disney, tais como “O Rei Leão”, “Mogli – O Menino Lobo”, “Irmão Urso”, o que acabam o deixando sem uma identidade própria.
Um questionamento sempre acompanha as produções da Pixar Animation: esse é um filme para crianças ou adultos? No caso de “O Bom Dinossauro”, tive a impressão de que falhou ao tentar atrair a ambos. Assuntos como “cumprir metas”, “medo de falhar” e “amizade” são abordados de uma forma muito rasa, sem nos entregar aquela emoção e genialidade das quais estamos (mal) acostumados com o estúdio. Já as crianças, provavelmente ficarão assustadas com tamanha violência física, emocional e visual. Trovões, enchentes e avalanches devem arrancar alguns gritos dos baixinhos nas sessões de cinema.
Deixando um pouco a estória de lado, a animação tem um visual deslumbrante, nos trazendo paisagens maravilhosas e perfeitamente desenvolvidas por seus artistas animadores. Há momentos onde ficaria impossível diferenciar o que seria computação gráfica e imagens reais. Detalhes da chuva caindo na folhas (conforme imagem), ou a movimentação dos objetos de acordo com a direção do vento nos faz perceber tamanha evolução de um filme para outro. O ponto negativo fica por conta do design dos personagens que, em contraposição ao realismo do cenário, parecem muito caricatos. Não há a necessidade de torná-los mais “reais”, até porque ficaria difícil vender brinquedos dessa forma, mas um pequeno ajuste na iluminação e saturação das cores os deixariam menos incômodos.
O roteiro e direção fica por conta do estreante em longas Peter Sohn, que havia anteriormente dirigido o excelente curta “Parcialmente Nublado” e trabalhado como animador em produções como “Valente”, “Ratatouille”, “O Gigante de Ferro”, entre outros. Já a produção executiva fica novamente a cargo de John Lasseter, responsável pela condução de grande parte dos projetos da Pixar.
Apesar de não nos entregar toda a genialidade e brilhantismo, “O Bom Dinossauro” é um bom filme e está acima de muitas produções que tem aparecido recentemente.
Ano: 2015
Duração: 93 min
Nacionalidade: EUA
Gênero: animação, aventura, comédia
Elenco: Jeffrey Wright, Frances McDormand, Maleah Nipay-Padilla
Diretor: Peter Sohn
Trailer:
Imagens: