Por Luciana Ramos

 

Após a renúncia histórica de Joseph Ratzinger ao Papado, o argentino Jorge Bergóglio assumiu a função de Sumo Pontífice da Igreja Católica, sendo o primeiro Papa latino-americano. De perfil menos conservador que os seus antepassados, foi taxado como polêmico por uns e aclamado pelos demais, alçando extrema popularidade.

Adaptação do livro “Pope Francis, Life and Revolution, de Elizabetta Pique, a cinebiografia “Papa Francisco: Conquistando Corações” reconta os momentos mais importantes da sua vida, traçando um perfil do padre Jorge.

A narrativa é condensada no ponto de vista da jornalista Ana (Silvia Abascal) que, ao longo de mais de uma década, viajou várias vezes à Argentina para entrevistá-lo. Agnóstica e completamente ignorante no que concerne ao catolicismo, ela vê-se “iluminada” pela interação com o padre, que lhe mostra o caminho da fé.

Por conta deste movimento, a escolha narrativa, embora menos óbvia, revela claramente a promessa fílmica inerente à produção: fruto da comemoração do 4º ano de Papado e financiada pela Fundação que leva seu nome, o longa tem como objetivo apresentar uma versão romantizada dos fatos, dotada da leveza necessária em toda a homenagem.

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Abstêm-se, portanto, questionamentos mais aprofundados sobre a desaprovação da sua mãe acerca da sua escolha, ações consideradas dúbias durante a ditadura militar ou detalhamentos do seu envolvimento com uma namorada na juventude. Tais fatos aparecem no intuito de servirem como possíveis conflitos sem nunca de fato o serem, uma vez que facilmente superados pela retidão moral do protagonista.

 

Assim, a narrativa serve mais como uma exaltação das suas qualidades a partir dos seus momentos mais importantes, desde os primeiros indícios vocacionais à sua relutância em assumir o mais alto posto da Igreja Católica. O padre Jorge (Darío Grandinetti) é retratado como uma pessoa simples, obstinada em fazer o bem e que reconhece suas limitações. A surpresa fica pelo bom humor, traço marcante da sua personalidade que acaba por conceder o tom da produção.

O modo escolhido para apresentação dos fatos mostra-se bastante complicado. Compilando passagens cotidianas, entrevistas vistas na tela de um computador e flashbacks, a miscelânea narrativa provoca redundâncias visuais, o que demonstra a imensa fragilidade do roteiro. Esta é realçada pelo tempo desprendido no relato dos dilemas da jornalista que, embora fundamentem o tema, revelam-se bem menos interessante do que o modo com que o Padre Jorge escolhe exercer sua função de clérigo.

Em destaque, há a atuação de Darío Grandinetti no papel principal. Embora bem distinto fisicamente, ele imprime credibilidade no seu papel ao conceder pequenas nuances que, unidas, tornam o personagem rico e dotado de densidade.

“Papa Francisco: Conquistando Corações” oferece, por meio de uma narrativa mal construída, lampejos da vida do Papa atual, sem aprofundar-se no tema. Mesmo falho em tratamento, mostra-se agradável por retratar o caminho de um homem comum a fé e, posteriormente, ao posto de condutor do catolicismo no mundo. Assim, é indicado aos seus admiradores, aptos em saber mais sobre sua jornada.

 

 

Ficha técnica papa-francisco-poster


Ano:
 2015

Duração: 104 min

Nacionalidade: Espanha, Argentina, Itália

Gênero: biografia, drama

Elenco: Darío Grandinetti, Silvia Abascal, Anabella Agostini

Diretor: Beda Docampo Feijóo

 

Trailer:

 

 

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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