Por Paulo Lannes

O quadro de Caspar David Friedrich, “O Monge e o Mar”, apresentado logo no início de “Submersão”, dá todas as pistas para os elementos trabalhados por Wim Wenders. A melancolia de um homem que se vê diante de um horizonte gigantesco, quase que opressor, contrasta com o tamanho da tela, que provoca uma sensação de claustrofobia: tanto espaços abertos como fechados parecem ser incômodos, isolando aquela pessoa de todo o resto do mundo.

 

 

Um fortuito encontro em um luxuoso hotel da frança faz com que a bio-matemática Danny Flinders (Alicia Vikander) se aproxime do soldado James More (James McAvoy) e que, em pouco tempo, ambos se apaixonem. Porém, o amor dos dois tem uma aproximação curiosa: suas parcas conversas são entremeadas por gestos espontâneos diante de paisagens naturais esplendorosas e pela rápida percepção de que são pessoas incapazes de se conectar com o resto do mundo.

Esse mesmo amor é interrompido pela dura realidade: Danny é obrigada a passar uma temporada em alto-mar e nas profundezas do oceano, enquanto James é capturado por terroristas na Somália, sendo obrigado a ficar preso sozinho entre escombros por uma temporada. O que fortalece o trabalho dela e a sobrevivência dele é justamente o amor que um sente pelo outro.

 

 

Os personagens descentrados e a incessante migração são temas comuns ao Wim Wenders (famoso pelo lírico “Asas do Desejo” e pelo road-movie “Paris, Texas”). Porém, “Submersão” é uma pálida produção do cineasta alemão diante de suas obras passadas. A narrativa não chega a lugar nenhum: mesmo diante de suas crises internas e externas, o sucesso em suas missões é colocado sempre como algo tangível para ambos.

Resta, então, ao trabalho da linguagem – em que o cineasta  é mestre. Porém, a experiência é mais uma vez insatisfatória, já que a solução encontrada para a história é o uso de  flashbacks de momentos idílicos, técnica risível para o calibre do diretor. Sua poética se perde num mar de provocações e o espectador termina o filme com a mesma sensação da que encontramos na pintura de Caspar David Friedrich: uma infinita tristeza.

 

Pôster:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ficha Técnica:

Ano: 2018

Duração: 110 min

Gênero: Drama

Direção: Wim Wenders

Elenco: Alicia Vikander, James McAvoy, Jannik Schümann, Reta Kadeb, Antonio Galán Sánchez

 

Trailer:

 

 

 

 

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Avaliação do Filme

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