Ao contrário de outras majors, pouco se ouve falar dos Estúdios Disney. Não saem notas em público falando sobre seus bastidores, além dos relatórios padrões de desempenho e anúncios de programação. No entanto, nos últimos dias, a empresa foi alvo da atenção concentrada da mídia, graças a duas investidas – uma positiva e uma negativa – no relacionamento com outras empresas.

Uma série investigativa ligando a Disneylândia à cidade de Anaheim no que concerne a isenções e coletas de tributos levou a Disney a tomar uma medida drástica na semana passada: banir o L.A. Times, responsável pelas reportagens, de cobrir os eventos da empresa. Isso significou o corte do acesso dos críticos de cinema do jornal a filmes como “Star Wars: The Last Jedi” e os próximos lançamentos da Marvel.

A medida foi interpretada pela mídia como abusiva e deu vazão a um chamado a boicote de todos os futuros filmes da empresa, assim como a desconsideração desse material em eventos de premiação sediados pela imprensa, como os das associações de críticos de Los Angeles, Nova York e Boston. A repercussão extremamente negativa fez a empresa voltar atrás, suspendendo a anterior proibição e, assim, dando fim ao boicote.

Concomitantemente, surgiam notícias de possíveis negociações entre a Disney e a 21st Century Fox. Segundo o canal CNBC, negociações de aquisição entre as duas empresas aconteceram à surdina por um tempo e, embora pausadas no momento, não podem ser completamente descartadas.

A ideia seria comprar a parte de televisão e cinema da Fox, deixando-a com a porção referente ao noticiário e esportes. A medida abriria imensamente o leque da Disney, que teria acesso ao outro material da Marvel, como os “X-Men” e o “Quarteto Fantástico”, além de “Avatar” e os direitos de exibição de “Star Wars: Uma Nova Esperança”, único filme dessa franquia que não está em sua posse.

Ainda que tenha gerado repercussão positiva (as ações da Fox subiram 9% na Bolsa de Valores), a notícia causou certa preocupação na indústria, por um motivo claro: caso ocorresse, a aquisição representaria a diminuição do monopólio hollywoodiano para apenas 05 estúdios de grande porte; a concentração de capital, por sua vez, poderia acarretar na diminuição de conteúdos originais e sufocamento de empresas menores, responsáveis por filmes independentes e de arte.

Ainda do ponto de vista de conteúdo, cabe ressaltar que, embora os números brutos da Disney sejam melhores, a Fox conseguiu, no último ano, emplacar produções que repaginam seus gêneros, arriscando em filmes com classificação indicativa alta, como “Logan” e “Deadpool”, algo bem distinto do perfil da Disney.

Foi frisado, logo em seguida, que tais negociações se encontram paradas e não há perspectiva de desfecho próximo. Esse, no entanto, pode ser eventualmente retomado no futuro.

 

[UPDATE: 04 de novembro de 2017]

 

O site Deadline divulgou o interesse da Comcast em adquirir os ativos da 21st Century Fox. A Disney continua envolvida em negociações, mas agora deve enfrentar as ofertas concorrentes deste outro player, que é nada menos que o maior conglomerado de mídia do mundo. Ironicamente, divide com a Disney ( e outras empresas) a posse da Hulu, canal de streaming americano que vem ganhado destaque na mídia após o lançamento da prestigiada série “The Handmaid’s Tale”.

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