Quando uma produção começa a dar errado, anos se arrastam antes que o projeto tome forma de fato, envolvidos por troca de roteiristas, desistência de atores e “engavetamento” por parte do estúdio. Foram exatamente obstáculos como esse que atrasaram por mais de vinte anos as filmagens da adaptação de Terry Gilliam do cultuado livro de Miguel de Cervantes, “Dom Quixote de La Mancha”.
Em uma coletiva para jornalistas durante o Festival de Cannes, Gilliam repeliu a ideia de uma “maldição” rondando a sua obra, denominação que ganhou nos bastidores de Hollywood pelo acúmulo de dificuldades em levar o projeto adiante. Ao contrário, o diretor preferiu frisar que o longa será rodado ainda nesse ano, com orçamento de U$ 17 milhões e com Adam Driver e Michael Palin no elenco, respectivamente como Sancho Pança e Dom Quixote.
Um dos integrantes do excelente Monty Phyton, Gilliam firmou-se como diretor por meio de filmes ousados tanto narrativa quanto visualmente, como “Brazil, o Filme”, “Os Doze Macacos” e “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” o qual, após a morte de Heath Ledger no meio das filmagens, adotou a solução criativa de chamar outros três atores para assumirem o papel, com um resultado bastante interessante.
Sua adaptação não seguirá literalmente o livro, transposto para os dias de hoje, frisando em como a vida de Pança, um publicitário, muda depois de conhecer um ancião que acredita ser um cavaleiro de armadura. De todo modo, dado o tom pouco realista de muitos filmes de Gilliam, certamente será interessante ver como manterá o tom fantasioso da história no longa.
“The Man Who Killed Don Quixote” ainda não tem previsão de estreia mas, se tudo der certo, chegará aos cinemas brasileiros no ano que vem.