Por meio de um decreto, vulgarizado “Muslim Ban”, o presidente dos EUA Donald Trump proibiu a entrada de cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão e Síria, todos países de maioria mulçumana, por um período de 90 dias. A lei executiva tem tal prazo pois deve passar por uma votação no Congresso antes de ser promulgada definitivamente.
A medida, cunhada de racista, diz querer barrar o fluxo de imigração de refugiados e claramente desagradou vários setores da sociedade, incluindo a classe artística. Isso se deve pelo fato de que, com este decreto, o diretor Asghar Farhadi, concorrente ao Oscar de filme estrangeiro por “O Apartamento”, assim como o restante do elenco, não poderão comparecer à premiação, marcada para o dia 26 de fevereiro.
Taraneh Alidoosti, protagonista do filme, se pronunciou sobre o assunto via mídias sociais: “O banimento dos vistos para Iranianos feitos por Trump é racista. Estendendo-se a eventos culturais ou não, eu não comparecerei ao #AcademyAwards2017 em protesto”.
Farhadi ganhou em 2012 um Oscar na mesma categoria por “A Separação”. Em seu novo longa, um casal de atores vive em harmonia até o momento em que Rana (Taraneh Alidoosti) é atacada enquanto toma banho em casa. A obsessão de seu marido em buscar justiça pelos próprios métodos, em contraponto ao seu desejo de esquecer todo o incidente, provocam conflitos entre os dois, refletidos na encenação da peça “A Morte do Caixeiro Viajante”.
Sobre o assunto, a Academia pronunciou-se na defesa de todas as raças, etnias e religiões, exaltando sua intenção em agraciar grandes feitos cinematográficos ao redor do mundo e, assim, lamentando profundamente as consequências do decreto.
UPDATE: A Justiça Federal americana entrou com um pedido de emergência para suspender o decreto na noite de sábado, dia 28 de janeiro, e obteve sucesso até o momento. Por meio da assessoria, o diretor iraniano apenas disse que no momento não há impedimentos legais para sua entrada, mas vai estudar se de fato participará da cerimônia.