Em depoimento ao jornal dinamarquês Politiken, nove mulheres relataram terem sofrido assédio, humilhações e bullying constantes enquanto trabalhavam para a empresa Zentropa, fundada pelo diretor Lars Von Trier e Peter Aalbæk Jensen (na foto de destaque do post). Segundo os relatos, havia uma cultura de assédio instalada, devidamente liderada por Jensen, que se sentia à vontade para bater na bunda das mulheres e agarrar seu seios sem autorização.
Consequentemente, ele foi afastado de suas funções na empresa, não tendo mais participação nas suas decisões diárias. O atual diretor da Zentropa alegou não ser esse o ambiente em que circula diariamente, mas prometeu conduzir uma investigação, além de uma reformulação do que é desejável para um clima sadio no trabalho.
Em outubro, a cantora e atriz Björk alegou ter sido vítima de assédio por um diretor dinamarquês, sem citar nomes. Ela atuou em apenas dois filmes no país, sendo um “Dançando no Escuro”, dirigido por Von Trier. No seu depoimento, disse ter sido estapeada, além de receber ofertas sexuais bem gráficas e indesejadas. Von Trier, porém, negou veementemente ao dizer que, embora seja notório o desafeto entre os dois, ele jamais agiu dessa maneira com ela.
Já na Suécia, uma carta aberta a um jornal local assinada por 600 mulheres denunciou o assédio da indústria do cinema do país, chamando a atenção da participação de diretores, produtores e até políticos. Os relatos, todos anônimos, variam de sugestão forçada ao ato sexual em troca da estabilidade na carreira até casos de masturbação e tentativa de estupro.
Na carta, elas abertamente condenam o clima de acobertamento que rege o entretenimento, associando o dinheiro concedido aos filmes à continuidade do abuso de poder. “Nós botaremos a vergonha onde ela merece estar: com os predadores e aqueles que os encobertam”, dizem as mulheres. Entre as signatárias, estão as atrizes Alicia Vikander, Sofia Hein e Marie Goranzon, pessoas com carreiras consolidadas dentro e fora da Suécia.