A Twentieth Century Fox anunciou de forma sucinta a demissão de Bryan Singer (“Os Suspeitos”, “X-Men”) da produção. A decisão foi tomada após o sumiço do diretor dos sets depois do feriado de Ação de Graças.
Este, no entanto, é somente o último capítulo de uma produção bem conturbada. Brian May e Roger Taylor sonhavam em transformar a história da banda que fundaram, Queen, em um filme que, em especial, pudesse honrar o legado de Freddie Mercury no mundo da música. Foram alguns anos de desenvolvimento com produtores e participação de cinco roteiristas para enfim, em 2011, anunciarem o projeto, que contaria com o comediante Sacha Baron Cohen no papel principal.
Dono de uma carreira controversa por conta do seu tipo de comédia, Cohen foi escolhido pela semelhança física e talento e participou ativamente da criação do roteiro, até se desligar do projeto em julho de 2013. A razão dada foi a clássica “diferença criativa” entre o ator e os membros do grupo: dizem que ele queria apresentar uma versão mais adulta e hardcore (R-Rated) da vida dos músicos, enquanto estes preferiam algo mais familiar e ameno.
Com esse contratempo, a produção ficou em banho-maria por alguns anos, contratou Ben Whishaw para o papel somente para demiti-lo logo após e permaneceu sem estrela até a confirmação de Rami Malek em novembro de 2016. Foi neste mês que o filme ganhou enfim seu diretor, depois de o projeto passar pelas mãos de David Fincher, Dexter Fletcher e Stephen Frears.
Depois de tantos obstáculos criativos, parecia que “Bohemian Rhapsody” ia enfim decolar. Pautado na jornada do grupo desde sua criação, em 1970, até a morte de Freddie Mercury, em 1991, o longa ganhou atenção da mídia e confirmação de lançamento para dezembro de 2018.
Porém, nos sets, a produção enfrentava novamente turbulências, muito por conta do comportamento errático de Singer. Ele ausentava-se das gravações periodicamente, algo visto como pouco profissional por toda a equipe: segundo a Variety, o ator Tom Hollander chegou a pedir demissão por esse motivo e foi persuadido pelos produtores a voltar; já o diretor de fotografia Thomas Newton Sigel, foi obrigado a assumir o papel de diretor por mais de uma vez, afim de evitar maiores desperdícios de dinheiro para o estúdio.
O afastamento de Singer é uma decisão inevitável, dado o seu sumiço, mas acrescenta mais tensão a um filme já complicado. Com menos de duas semanas de filmagens pendentes, as produtoras envolvidas têm que buscar um novo diretor o mais rápido possível, visto que casa diária custa milhares de dólares. A solução mais fácil seria a de designar alguém da equipe, como o próprio Sigel, para terminar o trabalho, mas isso abriria outra discussão: qual nome seria creditado como o de diretor?
Especulações midiáticas apontam outro motivo para o sumiço do diretor: ele seria o próximo alvo de acusações de abuso sexual. Singer já teria firmado um acordo com um homem que o denunciou nos anos 90 e, na mesma época, foi alvo de acusação de outro menor, algo que foi rapidamente sublimado pela indústria. Os mesmos tabloides apontam que ele, à luz dos artigos que estão sendo produzidos com o seu nome, está se munindo de advogados para lidar com a situação assim que esta se desenrole. Isso, contudo, não passa de boatos sem confirmação até o momento.
Enquanto isso, “Bohemian Rhapsody” continua com sua programação de lançamento para dezembro de 2018, época favorável a premiações, visto que é neste período que os membros das Academias votam nos preferidos para ganharem Globos de Ouro, SAGs e Oscars.
[UPDATE: 07 de novembro de 2017]
Foi anunciado hoje que Dexter Fletcher irá assumir o cargo de diretor na etapa final de gravação do filme. Conforme mencionado acima, seu nome já esteve envolvido no projeto antes, mas havia sido descartado. Essa decisão garante a finalização do longa a tempo do período de lançamento já marcado.