No domingo, dia 07 de janeiro, a Associação de Imprensa Estrangeira congratulou os melhores filmes, séries e filmes para televisão de 2017 em uma cerimônia moldada pelo protesto. O slogan Time’s Up foi repetido diversas vezes, reiterado pelo uso coletivo do preto, uma demonstração de solidariedade às vítimas de assédio sexual da indústria.
Os homens mostraram seu apoio usando um broche da organização, como foi o caso de James Franco. Porém, sua iniciativa foi recebida com repúdio no Twitter, algo que explodiu quando ele ganhou o prêmio de Melhor Ator em Filme de Comédia por “O Artista do Desastre”. A atriz Ally Sheedy, que foi dirigida por ele em uma peça off-Broadway, comentou: “James Franco acabou de ganhar. Por favor, nunca me pergunte porque eu saí da indústria de TV e cinema”.
Outros relatos de jovens aspirantes atrizes, como Sarah Tither-Kaplan, ofereceram detalhes sobre comportamentos abusivos cometidos pelo ator e tais relatos ganharam repercussão, ofuscando a glória da premiação. Por conta disso, na terça-feira, dia 09 de janeiro, o The New York Times cancelou uma exibição seguida de debate do filme de Franco, se dizendo desconfortável em continuar. À noite, durante participação no programa “The Late Show”, ele falou sobre a polêmica, negando envolvimento em atos abusivos, mas reiterando sua predisposição a ouvir as acusações, já que historicamente as mulheres tiveram suas vozes caladas, algo que ele não ia fazer.
Eis que apenas dois dias depois, o Los Angeles Times publicou o relato detalhado de Tither-Kaplan e mais quatro pessoas que tiveram experiências negativas com o ator. Em comum, há o uso de promessas em ajudar nas carreiras dessas mulheres para submetê-las a filmagens “hostis” e “pouco profissionais”, onde eram forçadas a tirarem a roupa ou atuarem em cenas sexuais.
O comportamento, descrito em conjunto como “inapropriado” e “explorador”, começou quando ele dava aulas de atuação na escola Playhouse West. Em 2012, as alunas Hilary Dusome e Natalie Chmiel participaram de uma gravação em um clube de strip-tease como parte de um curta e, possivelmente, da inclusão dessas cenas em um comercial de uma marca de jeans. Durante as filmagens, Franco teria perguntado se haviam voluntárias para tirar a camisa. Quando todas se recusaram, segundo elas, ele explodiu no set, descarregando sua raiva.
Em 2014, ele abriu a sua própria escola de interpretação, chamada Studio 4, com sedes em Nova York e Los Angeles. O ator não dava aulas de forma regular, participando pontualmente entre outros compromissos profissionais, mas, segundo depoimentos de alunos ao jornal, demonstrava apoio ao recebê-los fora do ambiente de sala de aula.
A promessa da empresa era usar essas pessoas em trabalhos de sua produtora, Rabbit Bandini, mas, segundo de Katie Ryan, uma das entrevistadas, os e-mails mandados de forma regular apenas as chamavam para audições em papéis de prostitutas, para atuarem em cenas de atos sexuais ou sem roupas.
Sarah Tither-Kaplan foi uma das alunas da escola e relatou que foi escalada para participar de um filme que nunca foi lançado, “The Long Home”, no papel de uma prostituta. Ela foi requerida por Franco para participar de uma “cena bônus”, onde aconteceria uma orgia e o ator simularia sexo oral nela. Durante as filmagens, no entanto, ele teria, segundo ela, retirado o plástico protetor da sua genitália e continuado a realizar o ato sexual sem o seu consentimento, em frente às câmeras.
Violet Palley foi outra mulher que recriminou publicamente sua vitória no Globo de Ouro via Twitter, onde contou uma experiência de abuso e deixou a entender que Franco teria assediado garotas de 17 anos por mais de uma vez. Ao Los Angeles Times, ela contou que o ator, que também atua como roteirista e produtor, teria oferecido ajuda em um roteiro que ela estava escrevendo. Um dia, quando estavam no seu carro, Palley teve seu rosto posto à força diante do órgão sexual dele e, por medo de retaliação, realizou sexo oral. A sua história, no entanto, tem mais nuances, pois depois eles dois namoraram por alguns meses. Ainda assim, ela caracteriza o incidente como um ato de abuso de poder.
Diante da reportagem, os advogados do ator refutaram novamente as acusações, sem oferecerem maiores comentários. A entrevista com Stephen Colbert onde Franco fala as acusações feitas no dia do Globo de ouro pode ser vista abaixo: