Em décadas de trabalho, Morgan Freeman consolidou seu nome como um dos mais respeitados de Hollywood. Tendo trabalhado em filmes como “Seven: Os Sete Crimes Capitais” e “Conduzindo Miss Daisy”, deu vida aos mais variados personagens (de Nelson Mandela à Deus), o que acarretou em quatro indicações ao Oscar até a vitória do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por “Menina de Ouro”, em 2004.

Porém, seu nome foi recentemente alvo de acusações de assédio sexual e comportamento inapropriado. Estas são fruto do trabalho da jornalista Chloe Melas, que passou por uma situação desconfortável enquanto cobria entrevistas para o filme “Despedida em Grande Estilo”, do qual ele participava junto aos atores Alan Arkin e Michael Caine.

Na época grávida de seis meses, ela ouviu repetidas vezes de Morgan que “ele queria estar dentro dela”, algo gravado em áudio (comum aos junkets). Seu choque a levou a comentar o caso com os chefes na CNN que, por sua vez, reportaram o assunto à Time Warner, dona do jornal e da distribuidora do filme Warner Bros.

Incomodada, ela passou a perguntar pessoas da área sobre histórias similares e se chocou com a quantidade de relatos. Por meio de uma investigação, impulsionada pelo movimento #metoo, publicou uma matéria na CNN onde oito mulheres acusam o ator de assédio sexual e comportamento inapropriado.

Uma delas atuou como produtora assistente do mesmo filme e disse que, além de toques indesejados constantes e comentários sobre seu corpo, Freeman tentou repetidas vezes em um determinado dia levantar a sua saia, perguntando se ela estava usando calcinha, algo que só parou com a interferência do ator Alan Arkin.

Outra profissional, que também optou em contar seu relato anonimamente, relembra o tempo em que atuou como produtora-sênior do filme “Truque de Mestre”, onde ela e suas assistentes eram sujeitadas diariamente a comentários e toques indesejados, incluindo massagens não-requeridas. Por vezes, segundo ela, isso acontecia na frente de outros membros, o que as fazia sentir vergonha por estarem ali e mudarem suas condutas para se adaptarem – como pararem de usar saias e fugir dele.

Esses oito relatos são corroborados por outros oito de testemunhas de comportamentos do tipo. Um deles, um homem que trabalha na produtora do ator, Revelations Productions, alegou que ele age como “um tiozão bizarro” e que as mulheres da companhia tentam evita-lo. De fato, o artigo da CNN acusa este ambiente de ser altamente tóxico, algo corroborado pela outra sócia, Lori McCreary.

Ela, quando procurada, não fez comentários sobre o assunto. O ator, por sua vez, após negativa inicial, declarou o seguinte: “Qualquer pessoa que me conhece ou já trabalhou comigo sabe que eu jamais intencionalmente ofenderia ou faria alguém desconfortável. Eu peço desculpas a qualquer pessoa que tenha se sentido assim – essa nunca foi minha intenção.

Sobre o assunto, o sindicato de atores SAG-AFTRA que, no início deste ano condecorou-o como um prêmio especial de carreira, disse que vai investigar avidamente as alegações, já que esse tipo de comportamento é completamente contrastante aos esforços para criação de um ambiente de trabalho seguro para mulheres.

A repercussão já atingiu os contratos comerciais do ator: a Visa decidiu retirar do ar no momento uma campanha que o incluía. Já o serviço de transporte de Vancouver, do qual era porta-voz, declarou que dará uma “pausa” no seu relacionamento com Freeman.

O desenrolar da história o levou a enfaticamente negar as acusações novamente, no qual se disse preocupado por se ver diante da possibilidade de perder tudo que construiu ao longo de oitenta anos com um piscar de olhos. Ele ainda disse: “Vamos deixar claro. Eu não criei ambientes de trabalho inseguros. Eu não assediei essas mulheres. Eu nunca ofereci empregos ou promoções em troca de sexo. Qualquer sugestão que eu tenha feito alguma dessas coisas é completamente falsa.”

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