Por Luciana Ramos

 

Vladislav Dukhovich (Gary Oldman), ditador sanguinário da Bielorrússia, é julgado no Tribunal Internacional de Haia pelos seus inúmeros crimes. Suas testemunhas, porém, são coagidas ou mortas, o que complica a condenação. Por isso, a Interpol resolve interceder e oferecer um benefício ao assassino de aluguel Darius Kincaid (Samuel L. Jackson) para que este relate os eventos que presenciou.

 

Como esperado em construções desse gênero, a operação dá errado e a consequente suspeita de uma agente infiltrado na organização força a agente Russell (Elodie Yung) a botá-lo sob proteção do segurança de luxo Michael Bryce (Ryan Reynolds), em completo declínio depois de um incidente na sua carreira. A viagem dos dois homens de Londres à Holanda mostra-se extremamente complicada, não só pela constante perseguição de capangas do ditador, como também pelo ressentimento que um nutre pelo outro.

dupla explosiva 1

O enredo constrói-se a partir dessa perspectiva, apostando no contraste das personalidades para inserção de um humor afiado, sarcástico. As discussões sobre encontros do passado são elevadas pela diferença de pensamento nas tomadas de decisões (a cautela de um contraposta à praticidade sanguinolenta do outro), algo enfatizado pelo toque de humor físico.

A esses elementos somam-se cenas de ação recorrentes, que transformam uma premissa simplista (e, por vezes, discutível) em um filme altamente divertido. Explorando a diversidade de cenários, elas são filmadas em pleno movimento, com uma câmera trêmula guiando o olhar e, assim, oferecendo dinamismo ao longa. Isto, por sua vez, é acentuado pela escolha inteligente de sempre dividir os personagens nesses momentos, o que oferece maior variedade de pontos de visão. Como complemento, há a inserção precisa de músicas que remetem aos anos 80 e 90, como “Hello”, de Lionel Richie, e “ I Wanna Know What Love Is”, de Foreigner. Estas funcionam muito bem como artifício cômico – algo em voga nas produções atuais desde que “Guardiões da Galáxia” mostrou o potencial apelativo desse recurso.

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Buscando o conforto da estrutura narrativa dos buddy movies de ação dos anos 90 e revestindo-o em uma estética convencional, “Dupla Explosiva” somente falha em não acrescentar nada de inovador. Não se nota um olhar estético apurado do diretor Patrick Hughes ou uma sacada inteligente do roteiro que desafie as convenções: seu propósito, entregue de forma competente, é o divertimento puro e simples, típico dos filmes que devem ser apreciados com um bom balde de pipoca.

Para isso, aposta no carisma dos seus atores, que oferecem atuações condizentes com as personas fílmicas que desenvolveram ao longo da carreira: Samuel L. Jackson aposta numa imensidão de motherfuckers e no riso leve diante dos obstáculos, enquanto Ryan Reynolds pontua suas falas com o escárnio característico. A sintonia entre os dois é evidente e eleva o filme a um patamar superior. Dentre o elenco, composto também por Joaquim de Almeida e Gary Oldman (que também explora sua capacidade de interpretar vilões caricatos), destaca-se Salma Hayek, que oferece seu senso de humor em roupagem desbocada, gerando boas risadas.

“Dupla Explosiva” constrói-se ao redor dos clichês: a ação policial, a jornada forçada de dois homens que não tem nada em comum, as resoluções fáceis. Essa escolha narrativa, no entanto, não é necessariamente ruim, já que consegue explorar o charme de seus atores para oferecer ao espectador o escapismo relaxante e despretensioso que o cinema é capaz.

 

 

 

Pôster

 

dupla explosiva poster

 

Ficha Técnica

Ano: 2017

Duração: 118 min

Gênero: ação, comédia

Diretor: Patrick Hughes

Elenco: Samuel L. Jackson, Ryan Reynolds, Elodie Yung, Joaquim de Almeida, Gary Oldman, Salma Hayek

 

 

Trailer:

 

 

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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