Por Kyalanvinck Santos

Godzilla é um dos maiores ícones da cultura pop, mas as produções cinematográficas norte-americanas sobre ele são, no mínimo, questionáveis. A nova aposta é “Godzilla: Rei dos Monstros”, que se passa cinco anos após os acontecimentos do filme anterior e gira em torno da família Russel, mostrando como o relacionamento entre cada um deles mudou desde então. Em contraponto, está a agência Monarch, que descobre a existência de diversas criaturas gigantescas até então adormecidas – e precisa lidar com elas quando começam a acordar.

Michael Dougherty, responsável pelos roteiros de “X-Men 2” e “Superman – O Retorno”, agora assume a direção do filme e traz um conflito visualmente empolgante entre os monstros, colocando peso em cada ataque e um equilíbrio nos efeitos especiais que forma o perfeito balanço entre um ambiente real e monstros irreais com poderes inimagináveis. Em conjunto, estes elementos deixariam o espectador por duas horas na ponta da cadeira, mas o que deveria ser o foco da história é só uma fração do filme e, assim como o longa de 2014, o novo longa comete o erro crasso de não saber dosar o conflito humano com as cenas de embates.

Neste contexto, há o drama que envolve os personagens da família Russel que, apesar de servir necessariamente como pano de fundo para as batalhas, acaba sendo genérico e, portanto, falho. Diante da falta de profundidade do conteúdo, nem o elenco de peso, formado por Vera Farmiga (“Bates Motel”), Kyle Chandler (“Manchester à Beira Mar”), Charles Dance (“Game Of Thrones”) e a mais nova promessa de Hollywood Millie Bobby Brown (“Stranger Things”), consegue compensa a falta de foco narrativo, relegando-se, sem rumo, a apresentar uma sucessão de atuações surpreendentemente esquecíveis.  

Porém, a grandiosidade da criatura principal consegue manter viva a expectativa para o duelo que vai se alimentando durante o decorrer da história. Quando enfim suprido, já se coloca combustível no hype para o próximo embate, que contará com um adversário tão grande em estrutura quanto em nome: Kong. A ideia de um universo cinematográfico que contém os maiores e mais famosos monstros da história do cinema é curiosa e se vende bem, mas a Universal vai precisar mais do que um bom CGI para corrigir os primeiros erros desse planejamento.

“Godzilla: Rei dos Monstros” tinha muito potencial, mas deixou claro como a Warner Bros e a Legendary Pictures ainda não sabem lidar com tanto conteúdo nas mãos. Mal utilizados, os grandes nomes do elenco somente reforçam que nem um Blockuster deste tamanho se sustenta sem um roteiro relevante e estruturado. O que resta é a grande, porém receosa, expectativa para os próximos filmes desse Monsterverse.

Ficha Tecnica

Ano: 2019

Duração: 132 min

Gênero: Ação e Ficção Científica

Direção: Michael Dougherty

Elenco: Vera Farmiga, Kyle Chandler, Charles Dance e Millie Bobby Brown

Avaliação do Filme

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