Os grandes estúdios de Hollywood estão apreensivos com a perspectiva de uma nova greve de roteiristas. A última, que durou cem dias entre 2007 e 2008, afetou produções em diferentes mídias: séries de televisão tiveram temporadas encurtadas ou canceladas; filmes foram postergados ou lançados às pressas com mão-de-obra não sindicalizada – algo que, visto o impacto negativo de bilheteria, causou arrependimentos.
A WGA (Writer’s Guild Association), sindicato de roteiristas, declarou-se insatisfeita com as condições de trabalho e pôs-se a negociar novos termos com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP). Esta, formada por um conselho com pessoas influentes da área, baliza a relação dos escritores com os estúdios e, portanto, permeia os contratos por obras.
As queixas do corpo de escritores baseiam-se em cortes de benefícios e queda de faturamento. Argumenta-se que o aumento de profissionais da área (em torno de 20%) é incompatível com o crescimento do mercado, na faixa de 6%. Alia-se a isso o fato de as séries de televisão terem sido encurtadas, com uma média de 13 episódios por ano. Como o pagamento baseia-se na quantidade de roteiros escritos, a queda sofrida nos salários foi de 21% no valor total de arrecadação.
Não obstante, há a reclamação generalizada sobre a falta de pagamentos residuais de empresas de streaming, como a Netflix, Hulu a Amazon Prime. Os roteiristas não recebem porcentagem alguma em cima da exibição dos conteúdos que escreveram, o que consideram errado. Vale lembrar que a greve anterior foi movida por algo similar: a falta de coleta de resíduos autorais na venda de DVDS e Blu-Rays, revertido após negociação.
No entanto, o principal problema para a WGA está na diminuição de benefícios por parte da AMPTP: a proposta é realizar um corte de 10 milhões de dólares nos planos de saúde disponibilizados a esses profissionais, sendo sugerido que estes, por meio de investimentos com o próprio dinheiro, cubram o rombo.
A falta de avanços nas negociações, iniciadas em 13 de março desse ano, levou o conselho da WGA a enviar um e-mail a seus 12.000 inscritos perguntando sobre a viabilidade de uma greve. A depender da resposta dos membros, o sindicato por suspender suas atividades por tempo indeterminado, o que paralisaria produções e, consequentemente, poderia transformar-se em uma catástrofe para o cinema.
Desde 1960, a WGA já realizou 6 greves e desde 2008 vivia em paz com os termos fixados de emprego…até agora. Os resultados do pedido de greve não tem prazo fixado determinado e ambos os lados se mostram inflexíveis. O tempo dirá qual será o desenrolar desse impasse.
Fontes: Variety, The Guardian, Indiewire, Vanity Fair