Por Luciana Ramos

Dois caminhos podem ser apontados como motivações para a estratégia da Disney em recriar seus clássicos animados como filmes live-action: o mais cínico corresponde a uma possível seca de ideias, acompanhada pela certeza do retorno financeiro. O outro revela a vontade de atualizar suas obras mais famosas às demandas de um novo público, ansioso por uma experiência que esteja em total consonância com o mundo tecnológico onde está inserido.

Seja pelo resultado de um desses pensamentos ou pela junção dos dois, “Mogli: O Menino Lobo” desponta como um produto de extrema qualidade, pronto para ser digerido por crianças e os adultos mais nostálgicos: uma fantasia encantadora em roupagem moderna e fascinante.

 

Baseado nas histórias de Rudyard Kipling, o filme conta a vida do pequeno Mogli (Neel Sethi) que, abandonado na selva quando bebê, foi acolhido e criado por lobos. Estando em total harmonia com o ambiente em que vive, o garoto é forçado a abandonar o único lar que conhece após ser ameaçado pelo tigre Shere Khan (voz de Idris Elba). Assim, adentra uma fascinante jornada de autoconhecimento, acompanhado pela pantera Bagheera (voz de Ben Kingsley) e o urso Baloo (voz de Bill Murray).

THE JUNGLE BOOK

Com poucas modificações, a trama segue a familiaridade da animação de 1968, mantendo o encantamento característico com construções narrativas sobre família, amizade e lar. As músicas, por sua vez, foram em grande parte substituídas por passagens mais frenéticas, onde as peculiaridades de cada ambiente são exploradas, sempre através do ponto de vista do menino. Porém, ainda que atenda satisfatoriamente às expectativas do público, a narrativa não se configura como maior atrativo do filme, sendo este indubitavelmente o seu visual.

Fruto de desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias de ponta, como os softwares usado em “Avatar”, o longa aposta na interação de um único ator, Neel Sethi, com ambientes e personagens criados por CGI. Os resultados são surpreendentes, tanto pelo nível de detalhes dos ambientes como pelo caráter realista dos animais, que chega a chocar em alguns momentos.

mogli 2

Assim, “Mogli: O Menino Lobo” configura-se logo ao início como um espetáculo visual, oferecendo pluralidade e riqueza de detalhes em cada um dos níveis do 3D. Para explorar essas sensações, o diretor Jon Favreau (de “Homem de Ferro”) abusou de panorâmicas e movimentações de câmera, apresentando a todo momento novas informações ao espectador. Igualmente interessante é a sua abordagem das cenas mais violentas: com exceção da passagem final, estas são filmadas à distância ou por meio de sombras, suavizando assim o seu teor.

Diante de belas imagens, a imersão não seria completa não fosse a ótima atuação do pequeno Neel Sethi, que consegue carregar o filme imprimindo credibilidade e carisma. Ao seu lado estão grandes atores como Bill Murray, Idris Elba, Scarlett Johansson e Christopher Walken, que dublam os animais principais e cumprem a difícil tarefa de delineá-los por meio das suas vozes.

Assim, “Mogli: O Menino Lobo” revela-se um excelente entretenimento, capaz de combinar diversão, apelo estético e a característica magia da Disney. Revisitado e amadurecido, o filme de Jon Favreau indica a direção de outros projetos em desenvolvimento no estúdio, como “Dumbo”. Diante do patamar de qualidade atingido, resta-nos esperar filmes encantadores.

 

Ficha técnica mogli poster


Ano:
 2016

Duração: 105 min

Nacionalidade: EUA

Gênero: aventura

Elenco: Neel Sethi, Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong’o, Scarlett Johansson

Diretor: Jon Favreau

Trailer:

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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