Por Luciana Ramos
O Dia do Patriota a que se refere o título original é um feriado amplamente celebrado nos Estados Unidos. Como parte da tradição, a cidade de Boston oferece todo ano uma maratona, que atrai amadores e profissionais no mundo todo. Em 2013, no entanto, o espetáculo transformou-se em tragédia com a explosão de duas bombas caseiras nas calçadas, o que levou o Governo a caracterizar este atentado como o pior desde 2001.
Passados alguns anos de luto, o evento tornou-se tema de duas obras cinematográficas, que se propõem a oferecer um novo olhar sobre os acontecimentos. O primeiro a ser lançado é “O Dia do Atentado”, formulado como um suspense focado nos agentes envolvidos nas investigações e resgate das vítimas.
Estruturado seguindo a cartilha narrativa clássica, o filme passa a primeira meia hora apresentando os personagens essenciais da história, cuja importância e participação ficarão explicitas ao longo da trama. A intenção do diretor Peter Berg é humanizar o evento, mostrando os rostos tanto daqueles que sofreram como os que provocaram os atentados.
Em um segundo momento, volta-se prioritariamente para a investigação, contraposta com as sequências de fuga dos irmãos responsáveis pelo ato. O resultado mostra-se dicotômico pois, ao mesmo tempo que proporciona um bom ritmo, conseguindo atrair o interesse do espectador pelos desdobramentos, abandona alguns de seus personagens, relegando-os a funções acessórias.
De fato, o filme parece ter um elenco de luxo à disposição que praticamente não é usado, como é o caso de Michelle Monaghan, Kevin Bacon e J.K. Simmons. Este, apesar de receber mais espaço de tela no final, carece da mesma superficialidade de tratamento que os outros. O olhar que guia a ação e, dessa forma, o único a ser mais bem delineado é o de Mark Wahlberg, em sua terceira colaboração com Berg.
A falta de profundidade dos personagens em geral alia-se à supressão quase total no segundo ato das subtramas envolvendo as vítimas, algo bastante sentido. Estes pequenos problemas elucidam a carência de maior densidade narrativa da trama, que se exime de aprofundamentos críticos sobre a questão.
Tais falhas narrativas, expressivas quando observadas em detalhe, são suavizadas no todo, muito em parte pela habilidade técnica de Berg. A utilização de imagens de arquivo de diferentes fontes – televisão, câmeras de segurança – aumenta o realismo da ação dramática retratada e ajuda na imersão. As sequências de ação merecem igual destaque por serem bem executadas e, dessa forma, ajudarem a firmar o tom de suspense.
Assim, mesmo com problemas, o filme mostra-se eficiente no seu objetivo de oferecer um olhar sobre os componentes humanos de uma tragédia. Ao final, expõe em depoimentos os relatos dos sobreviventes que inspiraram os personagens ficcionais – certamente um clichê, mas que sempre funciona por inserir ainda mais o espectador na história retratada.
Ficha técnica 
Ano: 2017
Duração: 133 min
Nacionalidade: EUA
Gênero: suspense, história, drama
Elenco: Mark Wahlberg, J.K. Simmons, John Goodman, Kevin Bacon, Michelle Monaghan
Diretor: Peter Berg
Trailer:
Imagens:
