Por Luciana Ramos

 

O lançamento nos cinemas de “Missão Impossível: Efeito Fallout” e “O Protetor 2” com menos de um mês de diferença concede uma interessante reflexão sobre os caminhos trilhados pelos filmes de ação. Por um lado, nota-se um descolamento (bem-vindo) deste tipo de narrativa de personagens joviais, como era a regra em décadas anteriores. Ao apostar em atores mais maduros para comandar este tipo de produção, os estúdios assumem que eles são capazes de atrair um considerável público para assistir tramas que combinam as desejadas sequências de combate e explosões com um maior aprofundamento de seus personagens.

Por outro lado, representa uma oportunidade a profissionais que construíram suas carreiras em torno de papéis dramáticos e, agora mais velhos, são agraciados com um número bem menor de ofertas. A reinvenção de Tom Cruise e Denzel Washington como estrelas deste gênero tem-se mostrado benéfico para ambos os lados (estúdios e atores) e, nessa equação, o espectador em geral também sai ganhando.

Desta vontade de Washington de consolidar sua nova imagem nasceu “O Protetor”, adaptação de uma antiga série televisiva que conta a jornada de um ex-agente de campo que usa suas habilidades para servir como um justiceiro daqueles inaptos a se defender. O gatilho é o espancamento de uma prostituta com quem Robert McCall (Denzel Washington) trocava poucas palavras. A evidente injustiça – e inevitabilidade do destino dela – o motiva a procurar vingança e, assim, tentar desmantelar a ação da máfia russa nos Estados Unidos.

 

 

As melhores qualidades do longa de 2014 eram a concisão narrativa e a definição de um estilo visual próprio, que trazia dinâmica às cenas de luta. Como esperado, o sucesso empolgou a todos os envolvidos para conceber uma sequência. Esta, no entanto, embora preserve a qualidade estética, não consegue provocar a mesma empolgação.

“O Protetor 2” segue o caminho natural do personagem, que continua “fazendo o bem” pelos seus próprios métodos. O trabalho como motorista em uma empresa por aplicativo mostra-se a oportunidade perfeita para entrar em contato com os mais diferentes tipos de pessoas e, na medida do possível, resolver seus problemas – quase sempre de forma violenta.

O foco da sequência está no confrontamento do anti-herói com seu passado após o ataque que sua amiga, a ex-agente Susan (Melissa Leo), sofre na Bélgica. O evento não só o leva a explorar suas habilidades militares quanto a reviver a dor da perda da esposa, acontecimento que passou a defini-lo. Para solucionar o caso, ele busca a ajuda do ex-parceiro Dave (Pedro Pascal) e, conforme aproxima-se da verdade, percebe que também está sendo caçado.

 

 

É notável o esforço que o roteiro, escrito por Richard Wenk, faz para se distanciar do primeiro filme ao propor uma história mais pautada na inteligência investigativa e, portanto, menos nas sequencias de ação. Embora seja uma abordagem interessante, ela não propõe nada que seja inédito aos admiradores do gênero; de fato, acaba apostando em diversos pequenos clichês que, somados, denunciam a mesmice da narrativa.

É o caso do envolvimento de Robert com Sam (Orson Bean) e Miles (Ashton Sanders). Inseridos para reforçar os valores e condutas essenciais do protagonista (e minimizar o claro dilema moral imposto), os relacionamentos atuam como replicações do mesmo conceito, alargados sem necessidade, que desviam a atenção do que é essencial.

Este dilatamento reflete-se em um menor número de cenas de ação. Estas, por sua vez, possuem como ponto positivo a preservação do estilo definido por Antoine Fuqua na produção anterior, como o uso de planos subjetivos em slow motion que prenunciam o combate físico. Porém, nota-se o abandono de uma das suas melhores características: a criatividade, pontuada pelas escolhas de Robert por ferramentas banais, transformadas em armas letais nas suas mãos.

Assim, “O Protetor 2” cai na armadilha comum das sequências: a de almejar mais do que consegue cumprir. Ainda que em certo ponto decepcionante, o filme consegue entreter, muito por conta do imenso carisma de Denzel Washington, que sabe como potencializar cada diálogo, explorar seu corpo para obter o melhor de cada sequência e, assim, entregar o que o público espera de um anti-herói de ação.

 

Pôster

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ficha Técnica

 

Ano: 2018

Duração: 130 min

Gênero: ação

Diretor: Antoine Fuqua

Elenco: Denzel Washington, Melissa Leo, Bill Pullman, Pedro Pascal

 

Trailer:

 

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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