Por Lanna Marcondes

 

Em 2001, o mundo conheceu a história de Danny Ocean (Clooney) em “Onze Homens e Um Segredo”, onde criminosos funcionais se juntaram para um feito considerado impossível. O plano consistia no roubo do dinheiro de três grandes cassinos de Las Vegas, protegidos por um cofre. Este continha mais de 150 milhões de dólares. A construção do time perfeito para exercer um plano extremamente complicado, somados aos possíveis erros e as surpresas de tirar o fôlego logo tornaram-no um clássico quando se trata do sub-gênero heist.

Longos dezessete anos depois, somos apresentados a Debby Ocean (Sandra Bullock), irmã dele e líder do spin-off que se desenvolve a partir da mesma premissa de sua franquia original. A narrativa antes liderada por somente homens agora consiste em um elenco somente de mulheres, o que destacou esta produção pelo protagonismo feminino em tempos de igualdade de gênero em Hollywood.

O filme começa com Debby prestes a sair da prisão, dizendo o que é preciso – nesse caso, muitas mentiras – para garantir sua liberdade condicional. Tal cena é uma referência direta ao primeiro dos quatro longas, onde seu irmão passa pela mesma situação. A relação entre filmes é estabelecida não só nesse momento, mas também com detalhes como fotografias e participações dos personagens da franquia original.

Movida pela justificativa que o crime faz parte do seu DNA, ela convoca sua parceira Lou (Cate Blanchett) para montar um time de oito mulheres com expertises específicas que irão auxiliá-la a atingir seu principal objetivo, formulado ao longo dos cinco anos que ficou encarcerada. O plano? Roubar um colar histórico da Cartier, no valor de 150 milhões de dólares, durante o maior evento de moda e arte dos Estados Unidos, o MET Gala. O time é composto por uma hacker, Nine Ball (Rihanna), uma especialista em jóias, Amita (Mindy Kaling), uma estilista de moda, Rose Weil (Helena Bonham Carter), uma ladra imperceptível, Constance (Awkwafina) e uma camaleoa que consegue o que quiser, Tammy (Sarah Paulson).

 

Planejando

 

“Oito Mulheres e Um Segredo” claramente preocupa-se em dispor tempo para a apresentação dessas personagens, não o faz de forma eficiente: as funções e habilidades de cada uma são explicadas de forma objetiva, mas suas motivações são suprimidas, o que as torna superficiais. A única exceção é a protagonista, que revela um desejo de vingança que leva Lou a duvidar do sucesso do plano.

Apesar de apelas às coincidências convenientes, tipicamente hollywoodianas, o filme entrega com maestria um entretenimento empolgante. O forte de filmes desse gênero está na sua própria narrativa, ritmo de enredo e os famigerados plot twists, apresentados nos variados contratempos que podem acabar estragando todo o plano.

O roteiro é embalado por um trabalho visual eficiente, comandado por Garry Ross, que demonstra ter controle para lidar com um elenco de tamanho poder e ao mesmo tempo balancear as qualidades de cada uma em cena. No entanto, observa-se um declínio em relação aos três filmes anteriores, que exploravam enquadramentos e mis-en-scéne, costurados por uma edição que trazia dinamismo à experiência. Em contraponto, por apoiar-se efetivamente em elementos formalistas, o mais novo longa da franquia perde em apelo estético.

 

Cate e Sandra

 

Sandra Bullock não decepciona como protagonista pelo seu talento e carisma, mas merece especial destaque enquanto produtora executiva, vide que o resultado final mostrado nas telonas é fruto direto dos seus esforços. Já Cate Blanchett impressiona em um papel mais cômico e leve, conquistando ainda mais a audiência que já conhece a extensão de suas habilidades, ao passo que Anne Hathaway, ao retornar à comédia, mostra que sabe bem o que fazer nesse universo, criando uma caricatura da personalidade de atrizes de Hollywood.

“Oito Mulheres e Um Segredo” veio para impressionar, entreter e (re)abrir as portas a mais uma nova franquia de filmes. O elenco por si só exerce um grande apelo, com nomes que enchem os olhos e trazem fãs ao cinema. É um filme em que o espectador sabe que vai receber a melhor qualidade de entretenimento e é exatamente isso o que acontece.

 

Pôster:

 

Poster

 

Ficha Técnica:

Ano: 2018
País: Estados Unidos
Duração: 110 min
Gênero: ação, comédia, crime
Diretor: Gary Ross
Elenco:  Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway, Sarah Paulson, Rihanna, Awkwafina, Mindy Kaling, Helen Bonham Carter

 

Trailer:

Imagens:

Avaliação do Filme

Veja Também:

Guerra Civil

Por Luciana Ramos   No fascinante e incômodo “Guerra Civil”, Alex Garland compõe uma distopia bastante palpável, delineada nos extremos...

LEIA MAIS

A Paixão Segundo G.H.

Por Luciana Ramos   Publicado em 1964, “A Paixão Segundo G.H.” foi há muito considerado um livro inadaptável, dado o...

LEIA MAIS

O Menino e a Garça

Por Luciana Ramos   Aos 83 anos, Hayao Miyazaki retorna da aposentadoria com um dos seus filmes mais pessoais. Resvalando...

LEIA MAIS