Por Murillo Trevisan

 

Deserto, perseguição, veículos e tiroteio, não é à toa que o filme está sendo rotulado como o “Mad Max brasileiro”. Seria praticamente impossível não fazer tal comparação com o clássico de 1979, principalmente em seu visual, tendo toda essa estética retrofuturista localizada no sertão moderno.

Ara (Cauã Reymond) é líder de um bando de motoqueiros, que acreditam numa antiga lenda de que a imagem de uma santa poderia trazer novamente esperança para o seu povo através da chuva. Mas essa santa é de posse de Tenório (Humberto Martins), homem cruel e poderoso que a usa para arrancar o dinheiro, em forma de “contribuição”, das pessoas de fé.

 

Ara, interpretado por Cauã Raymond

Ara, interpretado por Cauã Raymond

 

Apesar de não ter a profundidade necessária, Cauã faz um bom trabalho dando vida ao protagonista. Parecendo ser o mesmo Cauã Reymond de todos seus trabalhos, dessa vez a conexão entre ator e personagem estava mais em sincronia. Já Humberto Martins e seu jeito canastrão deixa Tenório um vilão muito caricato, destoando completamente do clima do filme. O grande destaque fica para Sophie Charlotte, que mesmo tendo sua personagem subaproveitada no raso roteiro, consegue se mostrar uma mulher forte vivendo nesse ambiente inóspito.

 

Sophie Charlotte interpreta Severina

Sophie Charlotte interpreta Severina

 

O clima árido sempre favoreceu esteticamente aos filmes e não é dessa vez que o deixará de fazer. Com planos de sobrevoos, as estradas e caminhos pela areia nos remetem as veias secas do sertão, clamando pelo sangue dos tiroteios, que são outro espetáculo. O destaque vai para o enquadramento em plano geral do fuzilamento de uma caminhonete por uma minigun (metralhadora de seis canos). Com a arma disparando de um lado e a pick-up no outro extremo da tela, o vazio central é preenchido pelo rastro da bala como um show de luzes.

O ponto negativo fica pelo mal-uso do CG (Computação Gráfica), que infelizmente no Brasil não é bem aproveitado devido à falta de recursos das produções. Em tempos em que George Miller (aos 70 anos) se destaca ao produzir, para a sua nova versão de “Mad Max”, efeitos mirabolantes sem o abuso dessa tecnologia, acaba deixando a nossa versão um tanto quanto preguiçosa.

 

Cena de tiroteio de Reza a lenda

Cena de tiroteio de Reza a lenda

 

A direção, do estreante em longas-metragens Homero Olivetto, é tímida e com pouco destaque. Para um filme de ação, falta capricho nas coreografias das batalhas corpo a corpo e uma atenção maior aos figurantes, que não estavam sendo nada orgânicos.

Já nos duelos de pistolas, com fortes influências de Sergio Leone, o ritmo é bem conduzido em tela dando a dose de apreensão necessária. Há uma passagem onde Tenório fica sentado frente a frente com um dos motoqueiros o desafiando, enquanto tem o capricho de pedir para que cortem suas unhas.

“Reza a lenda” vem para dar um alívio em meio a esgotante quantidade de comédias nacionais medíocres, mas não traz a inovação necessária para que o cinema de ação tupiniquim garanta seu espaço.

 

Ficha técnica 


Ano:
 2016

Duração: 87 min

Nacionalidade: Brasil

Gênero: ação, aventura, drama

Elenco: Cauã Reymond, Sophie Charlotte, Humberto Martins, Luiza Arraes

Diretor: Homero Olivetto

 

 

 

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Avaliação do Filme

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