Por Melissa Vassali

 

O autismo é um distúrbio neurológico definido principalmente pela dificuldade de comunicação e interação social. Outras características podem ser associadas a ele, e variam de acordo com o grau de desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo. Por isso, hoje o diagnóstico desta condição é feito dentro do chamado Transtorno do Espectro Autista.

Como a condição pode se manifestar de maneiras diversas, é normal que, quando representada em obras de ficção, receba abordagens distintas. Em “Tudo que Quero”, Dakota Fanning interpreta Wendy, uma jovem que, apesar do autismo, é independente e criativa. Embora explore conflitos internos e familiares da personagem, o filme privilegia uma visão otimista sobre o tema, num tom parecido com o mostrado em “No Espaço Não Existem Sentimentos” e na série “Atypical”.

 

 

Essas obras têm em comum momentos cômicos mesclados ao drama, o que traz leveza para as histórias. Como contraponto a elas podemos citar o recente “Corpo e Alma”, onde a condição da protagonista fica subentendida – a complexidade e dificuldade de relacionamento dela são apresentadas sem que o transtorno se torne um assunto em si.

Nenhuma maneira de tratar o tema é melhor que a outra, cada uma delas serve a enredos diferentes. “Tudo que Quero” opta por um modelo quase didático. Vivendo em um abrigo desde que sua irmã se casou, Wendy trabalha em uma lanchonete e escreve histórias de fantasia em seu tempo livre. É ela quem descreve sua própria rotina, e isso é eficiente para a narrativa, pois estabelece seus limites e sua percepção de mundo. Quando a garota recebe o seu chamado à aventura – ela precisa ir até a Paramount Pictures para se inscrever em um concurso de roteiros sobre Star Trek, série que adora – sabemos quais são os obstáculos internos que ela precisa ultrapassar.

 

 

Mas, se há sensibilidade para mostrar as suas dificuldades em relação ao mundo (como quando ela perde seu Ipod, que servia de proteção contra os sons caóticos ao seu redor), o filme se torna artificial quando tenta criar contratempos externos – o cachorro que faz xixi dentro do ônibus, o acidente e as páginas de roteiro perdidas ao vento parecem mais cumprir a função de atrasar a chegada da escritora ao seu destino do que de ensinar algo significativo para ela.

Ainda assim, é fácil sentir empatia pela personagem de Dakota Fanning: se, por sua condição autista, Wendy é inacessível para as pessoas com quem convive, ela se mostra relacionável para o espectador. As narrações em off ajudam nessa aproximação, pois conhecemos suas motivações. A analogia entre a protagonista e o Capitão Spock funcionam e, apesar de algumas situações criadas serem pouco convincentes, no geral o filme consegue emocionar.

 

 

Pôster

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ficha Técnica

 

Ano: 2017

Duração: 1h 33 min

Gênero: Drama

Diretor: Ben Lewin

Elenco: Dakota Fanning, Toni Collete, Alice Eve

 

Trailer:

 

 

 

Imagens:

 

 

Avaliação do Filme

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