Em cerimônia virtual transmitida diretamente do Palácio dos Festivais, Marla Martins e Renata Boldrini anunciaram os grandes vencedores desta edição inusitada do Festival de Gramdo.
O longa pernambucano “King Kong en Asunción”, de Camilo Cavalcante, conquistou quatro Kikitos, entre eles o de Melhor Filme. É um reconhecimento da audácia e esforço do diretor, que transitou por três países da América para rodar a história do matador de aluguel que, depois de cometer um assassinato na região desértica de Salar de Uyun, se esconde no interior da Bolívia e decide ir atrás da filha que nunca conheceu.
O protagonista é vivido por Andrade Júnior, que infelizmente faleceu antes de ver a obra concluída, e foi agraciado postumamente como Melhor Ator pela sua performance. O filme ainda ganhou na categoria Melhor Trilha Musical, prêmio para Shaman Herrera, que divide a estatueta com Salloma Salomão, de “Todos os Mortos”, e Melhor Filme eleito pelo júri popular.
A portuguesa Isabel Zuaa foi eleita a Melhor Atriz pela atuação no longa “Um Animal Amarelo”, tragicômica fábula tropical, como descreve o diretor Felipe Bragança. A história de um cineasta falido que mergulha em uma jornada pelo Brasil também é vencedora nas categorias Melhor Direção de Arte para Dina Salem Levy, e Melhor Roteiro para Felipe Bragança. Isabel recebeu a notícia de sua casa, em Portugal.
“Todos os Mortos”, longa de Caetano Gotardo e Marco Dutra que aborda a história do Brasil a partir da perspectiva de pessoas escravizadas, venceu nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante, para Alaíde Costa, e Melhor Ator Coadjuvante, para Thomás Aquino. Já Ruy Guerra levou o Kikito de Melhor direção por “Aos Pedaços”. O filme levou ainda o prêmio de Melhor Fotografia para Pablo Baião, e Melhor Desenho de Som, para Bernardo Uzeda. “Me Chama que eu Vou”, o documentário sobre a vida do cantor Sidney Magal levou o prêmio de Melhor Montagem, Kikito que vai para Eduardo Gripa.
O Prêmio Canal Brasil foi concedido para o curta “Inabitável”, de Luciana Souza, que recebe R$ 15 mil e o direito a exibição na programação do Canal.
Já no campo das produções estrangeiras, “La Frontera”, de David David, foi escolhido como Melhor Filme. Assinando também o roteiro, o jovem cineasta que retrata o drama de famílias afetadas pelas crises de fronteira entre Colômbia e Venezuela levou o Kikito nas duas categorias. O longa também garantiu a estatueta de Melhor Atriz para as duas protagonistas Daylin Vega Moreno e Sheila Monterola
O melhor longa-metragem gaúcho Portuñol, da diretora Thais Fernandes, fala sobre a intersecção de culturas; já o “Barco e o Rio” é o grande vencedor na categoria de Curta-metragem Brasileiro.
Ao falar desta edição especial do festival, o presidente da Gramadotour, Rafael Carniel, deu um belo depoimento, apontando para o paradoxo entre a necessidade humana da cultura, exacerbada no panorama atual, e a falta de fomento e apoio federal para o setor:
Neste ano de pandemia a gente manteve o Festival de Cinema de Gramado em respeito a uma indústria que gera R$ 25 bi de faturamento, quase 2% do pib brasileiro. É um mercado que antes da pandemia crescia em média 7%, até mais do que o turismo. São aproximadamente 13 mil empresas que geram em torno de 300 mil postos de trabalho. São cerca de 100 profissões ligadas à indústria do audiovisual. Mas mais do que isso eu pergunto: qual o valor da indústria que muito além de gerar números, toca a vida das pessoas? No contexto de pandemia ela tem formado opiniões, tem tirado o mundo da ignorância, interrompido a cegueira sobre a realidade do outro. Qualificado, emocionado, aliviado a dor das pessoas.
Confira a lista de vencedores:
Longa-metragem Brasileiro – LMB
Melhor Filme – King Kong en Asunción
Melhor Direção – Ruy Guerra, por Aos Pedaços
Melhor Ator – Andrade Júnior, por King Kong en Asunción
Melhor Atriz – Isabél Zuaa, por Um Animal Amarelo
Melhor Roteiro – Felipe Bragança, por Um Animal Amarelo
Melhor Fotografia – Pablo Baião, por Aos Pedaços
Melhor Montagem – Eduardo Gripa, por Me Chama Que Eu Vou
Melhor Trilha Musical – Salloma Salomão, por Todos os Mortos e
Shaman Herrera, por King Kong en Asunción
Melhor Direção de Arte – Dina Salem Levy, por Um Animal Amarelo
Melhor Atriz Coadjuvante – Alaíde Costa, por Todos os Mortos
Melhor Ator Coadjuvante – Thomás Aquino, por Todos os Mortos
Melhor Desenho de Som – Bernardo Uzeda, por Aos Pedaços
Prêmio Especial do Júri: Elisa Lucinda, por Por que você não chora?
Menção Honrosa do Júri: Higor Campagnaro, por Um Animal Amarelo
Longa-metragem Estrangeiro – LME
Melhor Filme – La Frontera
Melhor Direção – Mariana Viñoles, por El gran viage al país pequeño
Melhor Ator – Anibal Ortiz, por Matar a un Muerto
Melhor Atriz – Daylin Vega Moreno (Diana), Sheila Monterola (Chalis), por La Frontera
Melhor Roteiro – David David, por La Frontera
Melhor Fotografia – Nicolas Trovato, por El Silencio del Cazador
Prêmio Especial do Júri: El Gran Viaje al País Pequeño
Longa-metragem Gaúcho – LMG
Melhor Filme – Portuñol, de Thaís Fernandes
Curta-metragem Brasileiro – CMB
Melhor Filme – O Barco e o Rio
Melhor Direção – Bernardo Ale Abinader, por O Barco e o Rio
Melhor Ator – Daniel Veiga, por Você tem olhos tristes
Melhor Atriz – Luciana Souza, Inabitável
Melhor Roteiro – Inabitável, Matheus Farias e Enock Carvalho
Melhor Fotografia – O Barco e o Rio, para Valentina Ricardo
Melhor Montagem – Você tem olhos tristes, para Ana Júlia Travia
Melhor Trilha Musical – Atordoado, eu permaneço atento, para Hakaima Sadamitsu, M. Takara
Melhor Direção de Arte – O Barco e o Rio, para Francisco Ricardo Lima Caetano
Melhor Desenho de Som – Receita de Caranguejo, Isadora Torres e Vinicius Prado Martins
Prêmio especial do júri: Preta Ferreira, por Receita de Caranguejo
Júri Popular
Curta Brasileiro: O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader
Longa Estrangeiro: El gran viaje al país pequeño, de Mariana Viñoles
Longa Brasileiro: King Kong en Asunción, de Camilo Cavalcante
Júri da Crítica
Curta Brasileiro: Inabitável
Longa Estrangeiro: El Gran Viaje al País Pequeño
Longa Brasileiro: Um animal amarelo
Fonte das imagens: Pressphoto