Por Andressa Araújo
Uma secretária que se tornou uma renomada primatologista. Esta é Jane Goodall, cuja história é o cerne do documentário que leva seu nome. Em plenos anos 60, a jovem britânica investiu suas economias em uma viagem à África com o objetivo de realizar uma pesquisa até então nunca feita com chimpanzés. Depois de grandes descobertas – que trouxeram incríveis paralelos entre eles e os humanos -, seu projeto revolucionou a maneira como esses primatas são vistos hoje.
Dirigido pelo premiado Brett Morgen (“Chicago 10”), “Jane: A Mãe dos Chimpanzés” reúne imagens do início da carreira da pesquisadora, anotações, fotografias e entrevistas recentes com Goodall, hoje com 84 anos. Sem diploma universitário ou qualquer experiência com trabalho de campo na época, sua tarefa era observar por horas a fio o comportamento dos primatas e se aproximar deles.
Jane encontrou uma comunidade complexa e organizada, onde cada membro do grupo tinha sua personalidade. Envolvida com o seres com os quais passava a maior parte do tempo, ela chegou a nomeá-los e reconhecia de longe qual chimpanzé se aproximava. Aos poucos, a visão que ela tinha sobre a vida foi mudando, combinando-se à realidade presenciada na selva.
Foi lá, inclusive, que ela começou a construir sua própria família. A pesquisadora e seu primeiro marido, o barão e cineasta Hugo van Lawick – responsável por muitas das filmagens exibidas no documentário – se conheceram durante a expedição em Gombe e, posteriormente, fizeram questão de conectar seu filho à natureza.
Além disso, a viagem de Jane também é repleta de representatividade. Ela viaja à Tanzânia em uma época em que as mulheres não costumavam protagonizar grandes aventuras. “Eu queria fazer coisas que os homens faziam e as mulheres não”, disse ela em uma entrevista. Apesar da repercussão de seu trabalho, a pesquisadora ainda ganhava destaque na época não por suas importantes descobertas, mas por sua aparência física.
Diante de tantos proveitos, as imagens por vezes muito saturadas e a trilha sonora cliché não comprometem o desenrolar do documentário, vencedor de dois Emmys em 2018. Da maternidade aos conflitos bélicos dos chimpanzés, a experiência de Jane trouxe muitas provas da semelhança entre primatas e humanos, além de ter deixado um alerta para as próximas gerações sobre a necessidade de preservação desses animais. “Jane: A Mãe dos Chimpanzés” apresenta a história única de Goodall e cumpre com seu objetivo de levar adiante o legado construído por ela na selva de Gombe.
Pôster
Ficha Técnica
Ano: 2017
Duração: 90 min
Gênero: Documentário, Biografia
Direção: Brett Morgen
Elenco: Jane Goodall, Hugo Van Lawick, Hugo Eric Louis van Lawick
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Imagens: