A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, anunciou hoje a expulsão de Bill Cosby e Roman Polanski do seu corpo de membros. A decisão veio após reunião nesta terça-feira, dia 01/05, e segue o novo código de conduta adotada pela organização. A declaração para a imprensa detalha a deliberação, apontando que “o conselho continua a encorajar um padrão ético por parte dos seus membros, o que requer que estes se equiparem aos valores perpetuados pela Academia de respeito à dignidade humana”.

Há uma semana, Bill Cosby foi condenando judicialmente por agressão sexual com agravantes e aguarda sentença do juiz, podendo encarar 30 anos de prisão por apenas esse caso, envolvendo Andrea Constand, que alega ter sido estuprada em 2014. Infelizmente, apesar de mais de 60 denúncias contra ele (muitas envolvendo o uso de drogas para dopar as vítimas), este é o único caso passível de julgamento, dado o prazo limite para prescrição.

Já o caso envolvendo Roman Polanski remete aos anos 70 onde, em uma festa na casa do ator Jack Nicholson, teve relações sexuais com uma menina de 13 anos. Em um processo judicial, Samantha Geimer alegou que não houve consenso, configurando o ato como estupro. O caso foi julgado em 1978 e Polanski chegou a passar alguns dias preso. Porém, enquanto aguardava os resultados do processo, fugiu para a França, onde vive em exílio desde então.

O processo foi reaberto há alguns anos sob pedidos de extradição do diretor para que seja finalizado. Polanski chegou a cumprir um tempo em prisão domiciliar, mas agora encontra-se em liberdade e o julgamento ainda não foi concluído. Diante da repercussão, Geimer (que chegou a lançar um livro sobre o assunto), alegou publicamente que cada notícia nova sobre o evento perturba a ela e sua família e que apenas deseja a finalização para que possa seguir em frente.

O anúncio da Academia decorre de um novo código de conduta, mais rígido, que bane qualquer tipo de comportamento sexual inapropriado. Este foi escrito no final do ano, após o conselho, sob pressão, resolver expulsar Harvey Weinstein, depois de denúncias de assédio sexual e moral, estupro e coerção de diversas mulheres ao longo de mais de três décadas.

Até então, o único membro expulso tinha sido o ator Carmime Caridi (“O Poderoso Chefão II e III”) que, em 2004, repassou fitas de VHS recebidas para apreciação de potenciais concorrentes ao prêmio a pessoas fora do corpo de votantes, algo considerado como pirataria.

O novo posicionamento da indústria, como tudo, tem dividido opiniões: a ampla maioria cobra atitudes mais assertivas para combater um ambiente de trabalho tóxico; outros, temem que o pêndulo moral destoe da intenção inicial e acabe punindo pessoas inocentes. Até agora, no entanto, a Academia usou como guia denúncias formais e concretas para tomar suas decisões.

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