No final de fevereiro, as apostas em torno dos potenciais ganhadores do Oscar se intensificam e pessoas do mundo todo ligam as televisões para acompanharem a cerimônia. O que muitos não sabem é que as campanhas pelas indicações desses filmes são efetuadas ao longo de todo o ano, começando apenas duas semanas depois, no Festival de Sundance, onde grandes estúdios se digladiam pelos títulos mais bem recebidos.

Por isso, não é tão surpreendente a notícia publicada pela Variety de que a Warner Bros. investirá na campanha de “Mulher-Maravilha” para a próxima temporada de premiações. O filme não só teve ampla recepção por parte do público (computando 731 milhões de dólares em bilheteria mundial até o momento) como também clamor da crítica, um dos elementos-chave na corrida pela estatueta dourada. Porém, considerando que as votações do Oscar só serão realizadas em dezembro, como exatamente funcionaria uma campanha tantos meses antes?

O segredo, que deve ser captado enquanto o filme estiver em exibição, é permanecê-lo “quente” na mídia até o último mês do ano. Basicamente, os estúdios observam quais filmes tem as melhores respostas e decidem onde apostar. Em alguns casos, seu potencial é observado na pós-produção e, por isso, seu lançamento é aproximado da época das votações. Um exemplo claro é “La La Land: Cantando Estações”, que ia ser comercializado como um filme de verão (em junho) e foi adiado por seis meses, o que tornou sua campanha publicitária mais curta, econômica e fácil.

 

No caso de “Mulher-Maravilha”, um forte investimento em publicidade convertida na aparição dos atores em eventos e programas de TV, exibições especiais em Los Angeles e Nova York, além do envio de cópias do filme para todos os votantes (em torno de 6.000) são etapas do processo de campanha. Mais perto de dezembro, releases especiais discutindo os pontos fortes da obra serão mandados para imprensa e membros da Academia para render mais material na mídia. Tudo isso é um esforço claro para que, quando essas pessoas preencham as cédulas, lembrem-se do filme.

 

Por um lado, o longa de Patty Jenkins é amplamente reconhecido como uma obra narrativamente enxuta, emocionante e esteticamente bem executada. A Warner aposta na sua projeção mundial e na maior diversidade do corpo da Academia para obter o marco de primeiro filme adaptado de HQs a ser indicado em categorias importantes, como Melhor Direção e Melhor Filme.

 

No entanto, o caminho para o Oscar não será tão fácil quanto aparenta. A Academia ainda revela um perfil conservador, relegando esse subgênero a categorias técnicas. O preconceito pôde ser notado, por exemplo, na exclusão de “Deadpool” na indicação de Melhor Roteiro, depois de ter sido agraciado em todas as outras premiações da indústria. Em 2009, o mesmo estúdio investiu pesadamente na campanha para “Batman: O Cavaleiro das Trevas” mas nem o filme, nem Christopher Nolan foram indicados. Na verdade, a premiação póstuma de Heath Ledger foi o mais longe que um filme de super-herói já chegou em premiações. Para agravar a situação, a última vez em que uma mulher foi indicada ao prêmio de direção foi em 2009 (Kathryn Bigelow, que ganhou por “Guerra ao Terror”).

Caso “Mulher-Maravilha” não vá tão longe na corrida pelo Oscar, a Warner tem outras duas fortes apostas nesse ano: “Dunkirk”, épico de guerra de Nolan (muito mais alinhado ao perfil da Academia) e “Blade Runner 2049”, que ainda tem que passar pelo teste de aceitação do público e crítica.

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