A 70ª edição do Festival de Cannes começou com a exibição de “Ismael’s Ghost”, filme com Marion Cotillard e Charlotte Gainsbourg, que não participa da competição pela Palma de Ouro. Após o evento, os jurados deste ano reuniram-se para a já tradicional coletiva de imprensa, onde discutiram os rumos do Festival, assim como do cinema.
Nela, Pedro Almodóvar, presidente do júri de 2017, afirmou que “todos os filmes deveriam ser assistidos primeiro no cinema, não no Netflix, nas salas das casas das pessoas”. A colocação gerou um pouco de desconforto, dada a inclusão de duas produções do serviço de streaming na competição: “The Horowitz Diaries” e “Okja”.
Will Smith, membro do júri, mostrou-se contra o argumento do diretor espanhol, afirmando que o uso do serviço não exclui a experiência de ir ao cinema e usou seus filhos como exemplo de consumidores das duas formas de entretenimento. Ainda sobre o assunto, ele pontuou a diversidade de conteúdos oferecidos, que faz com que seus filhos possam assistir obras de outros países que, de outro modo, não estariam disponíveis para eles. Assim, ele acredita que o Netflix aumenta a compreensão sobre cinema mundial dos seus consumidores.
A pequena discussão reacendeu a polêmica em torno da inclusão de filmes da Netflix e Amazon no catálogo da competição, assim como as séries de televisão “Twin Peaks” e “Top of the Lake”. O argumento usado pelos organizadores para essas escolhas foi o do caráter autoral das obras, pontuando que dificilmente no futuro o Festival acolherá seriados novamente.
Após a divulgação destas informações, algumas manifestações contrárias ocorreram, o que levou a comissão organizadora a mudar suas regras: a partir do próximo ano, só poderão participar filmes de plataformas via streaming caso eles sejam lançados também nos cinemas. Tudo para salvaguardar o propósito de um dos festivais mais famosos do mundo.
