O último ano impôs inúmeros desafios não só aos lançamentos de filmes como também às premiações dedicadas a eles. Após o Emmy, que apresentou um frescor bem-humorado em formato remoto, com direito a pessoas em trajes de bolhas e caixas com estatuetas, as indústrias cinematográfica e televisiva dos Estados Unidos pareciam ter caído no marasmo de interações virtuais enfadonhas.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se recusou ao já tradicional Zoom e a informalidade dos moletons e salas mal arrumadas dos convidados, se apegando ao glamour comum ao evento para a promoção de uma edição do Oscar especial. Ajudada com a vacinação acelerada em solo americano, baniu máscaras em frente às câmeras (obrigatória para circulação e nos demais momentos) e investiu altíssimo em uma superprodução televisiva, com mini sedes ao redor do mundo – Austrália, França, Londes, Irlanda, Coreia do Sul – e uma super cenografia em uma estação de metrô em Los Angeles, onde ocorreu o tapete vermelho – segmentado e com entrevistas conduzidas à distância.
As mesas espalhadas continham pequenos abajures com as estatuetas, refletores de luz e tablets para que os convidados pudessem acompanhar a cerimônia, além de gruas e X, dirigidos pelo cineasta Steven Soderbergh. Parecia demasiadamente ambicioso, mas a Academia conseguiu o seu objetivo e a produção mostrou-se sofisticada e muito mais interessante do que nos últimos anos, embora não tenha conseguido eliminar os discursos longos. A premiação foi tratada como evento televisivo também pelas distribuidoras, que promoveram trailers nos seus intervalos comerciais, caso de “Nine Perfect Strangers”, série da HULU, e a refilmagem de “Amor, Sublime Amor”, de Steven Spielberg.
Os convidados reiteraram inúmeras vezes o amor pelo cinema e a narrativa de sonho hollywoodiano, contando o longo processo dos indicados do primeiro emprego ao reconhecimento. O Oscar foi democrático, espalhando estatuetas a maioria dos filmes indicados. Foi, também uma noite de recordes: a primeira equipe negra a ganhar Melhor Cabelo e Maquiagem por “A Voz Suprema do Blues”, a segunda pessoa asiática a ganhar um prêmio de atuação (Yuh-Jung Youn, Melhor Atriz Coadjuvante por “Minari”) e também a primeira mulher asiática a ganhar Melhor Direção – e segunda mulher da história. Em seu belíssimo discurso, Chloé Zhao acenou para a bondade humana e aqueles que se permanecem firmes ao princípio mesmo em adversidades. Já Thomas Vinterberg, ao ganhar Melhor Filme Internacional por “Druk: Mais Uma Rodada”, dedicou a estatueta à sua filha Ida, que faleceu tragicamente em um acidente de carro nos inícios das filmagens.
As categorias mais surpreendentes foram as de atuação, com Frances McDormand e Anthony Hopkins ganhando como Melhor Ator e Melhor Atriz. Chadwick Boseman, que era favorito para ser premiado, um aceno à sua contribuição a Hollywood, foi preterido pela fantástica performance do ator galês em “Meu Pai”. Consagrado em três categorias, “Nomadland” foi o grande vencedor do Oscar 2021.
Confira a lista completa de ganhadores abaixo
Melhor Filme
Meu Pai
Judas e o Messias Negro
Mank
Minari
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhor Ator
Riz Ahmed – O Som do Silêncio
Chadwick Boseman – A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins – Meu Pai
Gary Oldman – Mank
Steven Yeun – Minari
Melhor Ator Coadjuvante
Sacha Baron Cohen – Os 7 de Chicago
Daniel Kaluuya – Judas e o Messias Negro
Leslie Odom Jr. – Uma Noite em Miami…
Paul Raci – O Som do Silêncio
Lakeith Stanfield – Judas e o Messias Negros
Melhor Atriz
Viola Davis – A Voz Suprema do Blues
Andra Day – Os EUA vs Billie Holiday
Vanessa Kirby – Pieces of a Woman
Frances McDormand – Nomadland
Carey Mulligan – Bela Vingança
Melhor Atriz Coadjuvante
Maria Bakalova – Borat: Fita de Cinema Seguinte
Glenn Close – Era Uma Vez um Sonho
Olivia Colman – Meu Pai
Amanda Seyfried – Mank
Yuh-Jung Youn – Minari
Melhor Animação
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
A Caminho da Lua
Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-ataca
Soul
Wolfmakers
Melhor Fotografia
Judas e o Messias Negro
Mank
Relatos do Mundo
Nomadland
Os 7 de Chicago
Melhor Figurino
Emma
A Voz Suprema do Blues
Mank
Mulan
Pinnochio
Melhor Direção
Druk: Mais Uma Rodada
Mank
Minari
Nomadland
Bela Vingança
Melhor Documentário
Collective
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
O Agente Duplo
Professor Polvo
Time
Melhor Documentário (curta)
Colette
A Concerto is a Conversation
Do Not Split
Hunger Ward
A Love Song for Latasha
Melhor Edição
Meu Pai
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhor Filme Internacional
Druk: Mais Uma Rodada
Better Days
Quo Vadis, Aida?
Collective
O.Homem.Que.Vendeu.Sua.Pele
Maquiagem e Cabelo
Emma
Era Uma Vez um Sonho
A Voz Suprema do Blues
Mank
Pinnochio
Melhor Trilha Sonora
Destacamento Blood
Mank
Minari
Relatos do Mundo
Soul
Melhor Canção Original
Fight For You, de Judas e o Messias Negro
Hear my Voice, de Os 7 de Chicago
Husavik, de Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars
Io Sì (Seen), de Rosa e Momo
Speak Now, de Uma Noite em Miami
Melhor Design de Produção
Meu Pai
A Voz Suprema do Blues
Mank
Relatos do Mundo
Tenet
Curta-Metragem de Animação
Burrow
Genius Loci
If Anything Happens I Love You
Opera
Yes,People
Curta-Metragem live-action
Feeling Through
The Letter Room
The Present
Two Distant Strangers
White Eye
Melhor Som
Greyhound: Na Mira do Inimigo
Mank
Relatos do Mundo
Soul
O Som do Silêncio
Efeitos Visuais
Amor e Monstros
O Céu da Meia-Noite
Mulan
O Grande Ivan
Tenet
Melhor Roteiro Adaptado
Borat: Fita de Cinema Seguinte
Meu Pai
Nomadland
Uma Noite em Miami…
O Tigre Branco
Melhor Roteiro Original
Judas e o Messias Negro
Minari
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago