O surgimento de câmeras digitais de alta qualidade pareceu ser uma evolução natural, tanto para uso amador quanto profissional. Rapidamente adotadas pelo cinema, provocaram a diminuição maciça das filmagens usando negativos em celuloide ao ponto de acarretar o fechamento de diversas fabricas especializadas nos Estados Unidos.

O curso da produção cinematográfica foi então posto em debate, com cineastas como Christopher Nolan, Martin Scorsese, J.J. Abrams e Woody Allen pondo-se a favor da continuidade da filmagem em película. No seu último longa, “Os Oitos Odiados”, Quentin Tarantino resolveu rodar em 70mm, mas encontrou dificuldade em reproduzir sua obra desta maneira, visto que a projeção precisava de uma bitola específica para caber a película. Terminou exibindo na forma original apenas em Los Angeles, em sessões especiais, e converteu o seu filme ao digital para distribui-lo ao redor do mundo.

 

Ainda que parecesse ter os dias contados, a película permaneceu viva exatamente pelo engajamento desses cineastas, que comprometeram-se publicamente com a Kodak em comprar um montante de filme por ano, afim de manter essa parte da empresa funcionando. Desde então, produções como o indicado ao Oscar “Carol”, de Todd Haynes e o blockbuster “Star Wars: O Despertar da Força” optaram pelo uso da película. Séries de televisão como “Westworld” e “The Walking Dead” seguiram no mesmo caminho, provocando um inesperado aumento neste tipo de produção.

 

"Carol", de Todd Haynes

“Carol”, de Todd Haynes

 

O maior problema decorrente desse renascimento de interesse está exatamente na falta de laboratórios que possam revelar o material; mais especificamente, para produzir os dailies (sequências filmadas que são reveladas e vistas ao final de um dia de filmagem) já que, como mencionado anteriormente, foram quase todos fechados na década anterior. Um dos restantes, Fotokem, passou a receber de todo os Estados Unidos filmes para revelar, mas os custos dessa logística tornaram-se exorbitantes.

Para sanar a questão, a Kodak então resolveu abrir novos laboratórios em locais como Atlanta (que tem política fiscal mais favorável), Londres e Nova York. Como resultado, grandes produções deste ano como “Guardiões da Galáxia Vol.2” e “Em Ritmo de Fuga” optaram pelo uso da película na filmagem e pós-produção em digital.

Ao que parece, um ressurgimento dos negativos em celuloide está a caminho. Caberá aos cineastas a determinação do seu futuro e, assim, do rumo que o cinema tomará.

 

 

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