Diante da conclusão de mais um ano, separamos os filmes que cumpriram sua função de entreter com excelência. Diversos, classificamos em categorias para facilitar a justificativa da escolha. Se não viu algum, fica a recomendação! Por fim, não pudemos evitar de escolher aquele que consideramos o maior desastre de 2017…Aproveite!

 

Melhor Filme de Super-herói: Mulher-Maravilha

 

Pela primeira vez no cinema, um filme solo da heroína da DC surpreendeu por representar um grande salto narrativo no seu universo, apresentando uma história coesa, bem dosada e cativante. Além da diversão, reiterada pelas ótimas cenas de ação, há o elemento crucial da representatividade feminina no cinema, o que torna o filme ainda mais louvável. Nas mãos de Patty Jenkins, apresentou um lado mais inspirado e menos sexualizado da heroína, mostrando o seu valor enquanto guerreira.

 

Melhor experiência cinematográfica: Dunkirk

 

O filme de guerra de Christopher Nolan foi concebido e montado para ser apreciado no cinema. Os planos abertos e constantes junto ao som pulsante transformaram “Dunkirk” em uma verdadeira experiência, digerida na sala escura do cinema por um espectador que acompanhava a jornada de diferentes pessoas pela sobrevivência durante um dos eventos mais emblemáticos da Segunda Guerra Mundial. Poucas são as obras capazes de atingirem o público no seu âmago e revalidar a essência de entretenimento.

 

Melhores Filmes Brasileiros: Bingo – O Rei das Manhãs e Gabriel e a Montanha

 

Dois longas bem diferentes dividem a posição de melhor filme nacional, ainda que ambos se baseiem nas vidas de pessoas reais. “Bingo – O Rei das Manhãs” aposta na nostalgia oitentista para contar a vida de Arlindo Barreto enquanto desempenhou o papel do palhaço Bozo. Com direção afiada de Daniel Rezende, soube dosar o humor característico do personagem em passagens cômicas inspiradas com questões mais aprofundadas, como o anseio pela fama e o modo com que a sua jornada afetou a interação com o seu filho. Por saber entreter com qualidade, aponta uma renovação bem-vinda do panorama do cinema nacional.

 

 

Bem mais simplista no modo de execução, “Gabriel e a Montanha”, de Fellipe Barbosa, recontou os últimos passos dados pelo estudante Gabriel Buchmann por países africanos, antes de falecer enquanto tentava chegar ao ponto mais alto do continente. Intercalando depoimentos reais à reconstituição ficcional, teceu um interessante retrato do seu protagonista, explorando ao mesmo tempo o quanto sua generosidade tocou aqueles com que cruzou e como a vontade ávida de experimentar tudo o conduziu ao desfecho fatídico. Mesmo diante do tema, a sensação final ao terminar o filme é positiva, de celebração à vida de alguém que valorizava a conexão interpessoal e o que o mundo podia lhe proporcionar.

 

Melhor Filme de Terror: It – A Coisa

 

A versão cinematográfica foi bastante esperada por ser uma potencial atualização do telefilme que tornou o livro homônimo de Stephen King parte do imaginário popular do audiovisual. Bem concebido, pautado essencialmente nas crianças, conseguiu atrelar o terror característico (muito por conta da ótima atuação de Bill Skarsgåard) ao desenvolvimento de questões psicológicas e sociais de cada um dos personagens, moldando suas reações ao ambiente em que foram criados. Assim, revela-se aprofundado e aumenta as expectativas pela sua continuação, que avançará a trama em duas décadas.

 

Melhor Comédia Romântica: Doentes de Amor

 

Baseado na história do encontro entre o comediante Kumail Nanjiani e a escritora Emily V. Gordon, “Doentes de Amor” revelou-se uma grata surpresa. Dispersando-se dos elementos tradicionais da comédia romântica, contou de forma fascinante a forma como o relacionamento dos dois mudou radicalmente quando ela entrou subitamente em coma e ele foi obrigado a conviver com os pais da garota. Inserindo elementos culturais na trama, mostrou-se ao mesmo tempo emocionante e divertido, conquistando pela originalidade.

 

Melhor Animação: Com Amor, Van Gogh

 

Como melhor retratar a visão de um gênio? “Com Amor, Van Gogh” abandonou o formalismo visual para mergulhar nas pinceladas do holandês e, assim, tecer um dos filmes mais visualmente impactantes do ano. Pautado nas figuras pintadas por ele, tece uma ficção que procura investigar os eventos que levaram à sua morte e, no caminho, descobre o valor da sua arte. O trabalho minucioso dos diretores Dorota Kobiela e Hugh Welchman contou com a participação de 125 artistas que, ao longo de 06 anos, pintaram os 65.000 frames do longa à mão.

 

 

Melhor Filme de Arte: Mãe!

 

O filme de Darren Aronofsky foi mantido em segredo absoluto até o lançamento e dividiu opiniões por seu caráter autoral, crítico e simbólico. A partir de uma grande metáfora bíblica, o diretor explica o funcionamento do mundo, além de questionar práticas recorrentes humanas e apresentar diferentes configurações de sociedades, sempre de forma pungente e perturbadora. “Mãe!” é uma experiência reflexiva incômoda, mas altamente satisfatória, que permanece na cabeça do público bem depois do final de sua projeção.

 

Melhor Ficção Científica: Blade Runner 2049

 

Ao visitar o clássico cult de Ridley Scott, Dennis Villeneuve utilizou a familiaridade de símbolos e personagens como forma de agradar os fãs, mas alavancou a questão existencial central do primeiro longa. A ânsia do protagonista Kay por humanidade (e que também aflige a inteligência artificial com que se relaciona) é intensificada pela investigação da possibilidade de os replicantes se reproduzirem. Tratando com delicadeza os temas, o diretor consegue explorar as suas diversas possibilidades de diálogo, levando “Blade Runner 2049” a um aprofundamento temático maior que o anterior.

 

Melhor surpresa do ano: Corra!

 

O comediante Jordan Peele ganhou reconhecimento da indústria com um programa de humor, baseado em esquetes, que dividia com Key-Michael Keegan. Seu primeiro filme, “Corra!” mostrou-se consistente, criativo, bem-humorado e incrivelmente ácido, como requer toda sátira social. Em uma reestruturação da fórmula do clássico “Adivinhe Quem Vem Para Jantar?”, teceu uma obra extremamente pertinente sobre o racismo, que incomoda e diverte na medida certa, provocando a bem-vinda reflexão ao longo da sua projeção.

 

Melhores Séries:

 

Série Nova: The Handmaid’s Tale

 

Baseado na obra de Margaret Atwood, a série que traz Elisabeth Moss no papel principal conseguiu unir relevância temática, profundidade narrativa e primor técnico. A trama retrata uma nação distópica, Gilead, que escraviza mulheres em papel de aias (parideiras) e reduz sua mobilidade social a regras impostas pelo extremismo religioso, exercido a partir da figura dos Comandantes. Assim, elas têm suas próprias identidades apagadas, sendo relegadas à categoria de objetos, mas, de modos diferentes, conseguem oferecer uma resistência velada, que promete crescer nas próximas temporadas. Com prêmios e reconhecimento público, botou o canal de streaming Hulu entre os grandes players do mercado.

 

Melhor Temporada: Mr Robot – terceira temporada

 

A série de Sam Esmail atraiu atenção da indústria pela sagacidade, complexidade dos personagens e alto teor de cunho autoral. Em sua segunda temporada, resolveu ater-se à formula e decepcionou um pouco pelo uso repetido do plot twist. Porém, a mais recente temporada ousou em levar a trama a um patamar muito mais profundo, psicológico, que explora as consequências das ações tomadas até então e, mesmo sem artifícios narrativos fáceis, soube surpreender, prender o fôlego e abrir caminhos inesperados para o próximo ano. Isso sem contar com as ótimas atuações de um elenco afiado, liderado pelo talentoso Rami Malek.

 

Pior Filme: A Múmia

 

Uma das experiências mais sofridas do ano. A gana por encaixar um monstro clássico do catálogo diverso da Universal em um molde pop, moderninho, recheado de cenas de ação sem nexo transformou o que poderia ser um grande filme em uma história chata, engessada e visualmente pouco inspirada. Ademais, o desempenho fraco nas bilheterias determinou a extinção do “Dark Universe”, universo compartilhado de monstros preterido pelo estúdio, sendo o seu primeiro e último filme.
 

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