Imagine um mundo onde os cinéfilos detivessem o poder de decisão sobre os filmes que tem interesse em ver. Melhor: onde ainda seriam reembolsados por isso. Diante do nível de controle de mercado dos estúdios, isso chega a parecer ficção científica, mas uma startup está determinada a transformar essa ideia em uma realidade financeiramente vantajosa para os envolvidos.

Trata-se da Legion M, fundada em março de 2016 por Paul Scanlan e Jeff Annison. Fruto do ambiente empreendedor do Vale do Silício, a empresa tem como premissa o financiamento de filmes por qualquer um que se interessar.

Explicando em miúdos, trata-se de uma startup que busca investidores. Qualquer pessoa, aplicando um mínimo de 100 dólares, torna-se sócio da empresa. Esta, por sua vez, junto a produtoras audiovisuais parceiras, desenvolve projetos. O objetivo é lançá-los em grande escala nos cinemas, redes de televisão ou plataformas streaming. Em contrapartida, o investidor receberá uma participação no lucro condizente ao montante desprendido.

Em outras palavras: trata-se de uma nova forma de produção cinematográfica, onde não são os grandes players (estúdios ou produtores como Harvey Weinstein) que financiam os filmes, mas o próprio público. Assim, em tese, os cinéfilos que desejam assistir determinadas obras não só poderão fornecer suas visões no processo de produção, como ganhar dinheiro com isso. Obviamente, há uma pequena equipe responsável pela escolha dos roteiros que a Legion M irá produzir mas, segundo o site da empresa, os investidores são sim convidados a opinarem durante o processo.

"Colossal", primeiro filme da Legion M

“Colossal”, primeiro filme da Legion M

A startup ainda está no início, mas já tem 12.000 inscritos, com uma média de investimento de 600 dólares. A meta é ser a primeira produtora 100% independente, atingindo a marca de um milhão de shareholders.

Segundo Scanlan e Annison, não é somente o amor ao cinema que está em jogo; para eles, a estratégia de mercado diferenciada poderá proporcionar retornos financeiros altíssimos, visto que os filmes produzidos pela Legion M em teoria estarão em sintonia com que as pessoas desejam ver no cinema. O plano, além disso, inclui manter as despesas operacionais baixas; portanto, blockblusters não terão espaço na empresa.

Os que ainda permanecerem céticos em relação ao sucesso da empreitada podem conferir o primeiro filme lançado sob esse modelo: “Colossal”, com Anne Hathaway e Jason Sudeikis. O próximo projeto, ainda em pós-produção, é a série “Icons”. O que seria um programa de entrevistas com ícones do entretenimento ganhará uma nova camada de apreciação por ser disponibilizado em realidade virtual. A intenção, segundo eles, é botar o fã dentro da sala do seu ídolo.

A Legion M ainda está no começo, com apenas um projeto lançado, mas promete revolucionar o mercado produtor de filmes nos Estados Unidos caso dê certo. A resposta do sucesso da empresa e, consequentemente, do seu futuro está nas bilheterias. Porém, algo deve ser dito: é uma excelente ideia.

 

 

 

Fontes: Variety, Exame, site Legion M

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