Por Luciana Ramos
O Mais que Cinema celebra os 40 anos do clássico cult “The Rocky Horror Picture Show” com uma crítica especial cheia de curiosidades.
Ao assistir as aventuras de Brad e Janet em um castelo mal-assombrado não espere por um bom roteiro, direção envolvente ou qualquer aspecto de qualidade técnica. “The Rocky Horror Picture Show” é um filme ruim em todos os sentidos….e, talvez por isso, chegue a ser bom.
A trama completamente sem pé nem cabeça, aliada a músicas animadas (estas sim muito envolventes) e a fantástica performance de Tim Curry como Dr. Frank-N-Furter, o cientista louco e travesti, concederam uma aura pop e o transformou no filme trash mais cultuado do cinema, ainda exibido em ocasiões especiais, como o Halloween, em diversos países.
Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon) são um casal bobinho e inocente que fica noivo após o casamento de um amigo em comum. Loucos de alegria, decidem visitar o antigo professor e amigo, Dr. Everest Scott, para contar a novidade e são surpreendidos por um pneu furado.
Sem opções, decidem bater na porta de um castelo a alguns quilômetros dali. Lá, conhecem o Dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), cientista que clama vir da Transilvânia Transexual e seus servos: os irmãos Riff Raff (Richard O’Brien, um dos roteiristas) e Magenta (Patricia Quinn), além de Columbia (Nell Campbell).
Forçados a participar da Convenção Anual da Transilvânia, Brad e Janet são apresentados à nova criação do cientista, concebido para “aliviar as suas tensões”: Rocky Horror (Peter Hinwood), um homem loiro e musculoso com cueca dourada.
Os noivos passam por diversas provações à noite, com seduções de todos os lados e participação involuntária nos acontecimentos mais estranhos.
Com final esdrúxulo, “The Rocky Horror Picture Show” coroa-se como sátira dos antigos filmes de ficção científica, combinando todos os seus clichês: o cientista maluco e suas criações, intervenções racionalistas de um acadêmico que explica os acontecimentos, transformação de pessoas em objetos e presença de extraterrestres, sempre embaladas por composições originais de rock.
O maior destaque da produção é a fantástica interpretação de Tim Curry como o cientista travesti-transexual, como se denomina. Com muita presença, maquiagem, saltos altíssimos, caras e bocas, ele domina as cenas em que participa, sendo responsável por conduzir a ação dos demais personagens. “The Rocky Horror Picture show” também marca uma das primeiras aparições memoráveis da atriz Susan Sarandon, que canta, dança e se encanta por “Rocky Horror” na pele de Janet.
O filme, lançado em setembro de 1975 nos Estados Unidos, foi ignorado pela crítica mas não pelos fãs. Ao longo das décadas, assistir “The Rocky Horror Picture Show” tornou-se um evento, levando milhares de pessoas a cantar e dançar “The Time Warp”, “Over at the Frankestein Place” e “Touch-a, touch-a, touch me”.
Comumente, são sessões à meia-noite, que acontecem em cidades ao redor do mundo. Em algumas exibições, enquanto o filme é projetado ao fundo, uma peça é encenada logo a frente, com atores e público caracterizados com maquiagem pesada e meias do tipo “arrastão”. Como de costume, a audiência recebe um guia de participação com as falas que deve gritar durante as cenas e instruções para jogar papel higiênico na telona nos momentos mais dramáticos. Um retrato de tal tipo de apresentação pode ser conferido no filme “As vantagens de ser invisível”, onde os personagens principais encarnam Brad, Columbia e Dr. N-Furter.
Mesmo após 40 anos de seu lançamento, “The Rocky Horror Picture Show” continua a ser cultuado por gerações de fãs pelo estilo trash e um pouco cafona com que conta a estória do dia em que um casal bobinho viu-se a frente de um cientista maluco. Com músicas que ficam gravadas na mente e visual extravagante, é recomendado para aqueles que apreciam filmes ruins pelo que realmente são: extremamente divertidos.
Confira mais curiosidades do longa:
- Mick Jagger e Steve Martin fizeram audições respectivamente para os papeis de Dr. Frank-N-Furter e Brad, mas a produção acabou preferindo Tim Curry e Barry Boswick.
- É possível se hospedar no castelo do Dr. Frank-N-Furter! Usado como locação em diversos filmes de terror ao longo das décadas, Oakley Court foi transformado em hotel e fica na Inglaterra.
- Os produtores claramente contrataram o modelo Peter Hinwood pelo seu físico para o papel da criatura “Rocky Horror”, mas não ficaram contentes ao ouvi-lo durante as gravações. Por conta disso, o “ator” teve todas as suas falas dubladas na pós-produção.
- O roteiro original previa que o filme fosse em P&B até a aparição do Dr. N-Furter quando, após um close em seus lábios, tornaria-se colorido.
- É o filme que está em cartaz por mais tempo: exibido em Nova York em sessões à meia-noite por 37 anos e sem planos de encerramento.
Ano: 1975
Duração: 100 min
Nacionalidade: EUA
Gênero: comédia musical
Elenco: Tim Curry, Susan Sarandon, Barry Bostwick
Diretor: Jim Sharman
Trailer:
Imagens: