Desde os anos 90, os irmãos Harvey e Bob Weinstein consolidaram seus nomes no mercado como ávidos empreendedores de entretenimento. Com a Miramax, mudaram a cara dos filmes independentes americanos, apresentado ao público clássicos instantâneos como “Pulp Fiction”. Posteriormente, fundaram a The Weinstein Company, onde mesclaram filmes de arte, que invariavelmente ganhavam óscares (fruto de campanhas agressivas e, como se descobriu recentemente, técnicas pouco honrosas) e faturavam alto nas bilheterias com longas mais comerciais.

Em outubro, o futuro da companhia foi posto à prova com uma série de acusações envolvendo seu CEO, Harvey Weinstein. Elas revelaram o seu perfil de predador sexual, que se aproveitava do poder para assediar e, por vezes, estuprar jovens atrizes ou funcionárias. A revolta proveniente das suas ações levou a criação do movimento #metoo e, posteriormente, ao Time’s Up, que pretende mudar o curso da indústria, protegendo as mulheres de situações deste tipo.

Nestes cinco meses, a empresa tentou se manter no mercado: afastou Harvey e colocou seu irmão, Bob, no lugar (que foi acusado de ter pleno conhecimento de todo o ocorrido, além de também ter comportamento condenável) e abriu mão de algumas produções, de diretores que não queriam ter seus filmes lançados com o selo da organização. Lançamentos esperados, como “A Guerra das Correntes”, foram suspensos indefinidamente e outros, como “Paddington 2”, foram repassados a outras distribuidoras. Diante deste cenário, o fechamento da empresa parecia inevitável: quem iria querer associar seu nome a ela? Porém, no começo do ano, a TWC recebeu um aporte de dinheiro, vindo de duas organizações que compraram parte dos seus ativos, 275 produções cinematográficas.

 

No entanto, com o anúncio do pedido da falência, ficou claro que uma delas, a Lantern Capital, servirá como “first bidder” (primeira a fazer uma oferta) da empresa em um processo de leilão que está por vir. Esta é uma maneira de garantir que os seus ativos não sejam vendidos “a preço de banana”.

Junto a este processo, a TWC declarou que seus empregados estão finalmente liberados da cláusula de privacidade da empresa e podem, portanto, se pronunciar sobre casos de assédio, algo que pode trazer à tona mais acusações. No entanto, o pedido de falência também traz um contraponto indesejado: muitos dos processos contra Harvey também acusam a empresa de ser um ambiente permissivo e pediam indenizações. Com o seu fechamento, tornou-se mais difícil qualquer tipo de compensação financeira desta ordem.

Cabe dizer ainda que Harvey Weinstein atualmente é investigado criminalmente pelas autoridades de Londres, Los Angeles e Nova York, além de responder a outros inúmeros processos civis.

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