Quando Frances McDormand venceu o Oscar de Melhor Atriz em fevereiro por sua performance em “Três Anúncios Para um Crime”, ela fez um discurso apaixonado sobre a contribuição feminina no cinema, importante, porém negligenciada pela indústria, que prefere contratar homens. Ao pedir que as mulheres indicadas naquela noite levantassem para serem aplaudidas, ela deixou duas palavras no ar antes de sair: “inclusion rider” (ou cláusula de inclusão, em português).
A maioria das pessoas teve que pesquisar no Google o seu significado, visto que seu uso, na prática cinematográfica, era quase inexistente. A clausula em questão se refere ao dever, assinado pelos estúdios, produtoras e outros, de contratar profissionais de diferentes gêneros nos seus projetos, compondo assim um panorama mais justo e abrangente de produção.
A Warner Media, detentora da Warner Bros, Turner e HBO, anunciou uma nova política para toda a empresa, alinhada a essa cláusula. Nela, assume o compromisso de contratar mais mulheres e pessoas de cor nos seus futuros projetos, tanto na televisão quanto no cinema. O primeiro filme que marcará essa nova fase da empresa será “Just Mercy”, dirigido por Destin Daniel Cretton e estrelado por Michael B. Jordan (“Creed”). Este, que atua como produtor executivo do longa, participou ativamente da formulação das novas diretrizes. Sobre isso, ele declarou ao The Guardian: “Representatividade sempre foi algo que eu abracei sem pestanejar, especialmente sendo um ator negro. Foi somente quando Frances McDormand falou essas duas palavras e incendiou a indústria que eu percebi que poderíamos tornar essa prática o padrão”.
Este é o primeiro grande estúdio a assumir esse compromisso publicamente, um sinal positivo de novos ventos para o cinema, ainda uma indústria muito desigual. Esperamos que outros grandes players de Hollywood adotem práticas similares, de modo a compor um panorama mais diverso – e justo – da atividade audiovisual.
