Por Paulo Lannes

Como diz o título, o filme da Netflix se passa em Beirute, capital do Líbano, em dois momentos. O primeiro deles é em 1972, quando a cidade era um lugar agradável de viver – com certa convivência saudável entre muçulmanos e cristãos. O segundo se passa em 1982, quando a metrópole já estava devastada por uma sangrenta guerra civil.

Ambos os cenários são apresentados sob a ótica do diplomata Mason Skiles, personagem bem atuado por Jon Hamm (o Don Draper da série “Mad Men”). É logo no primeiro momento que ele vê sua casa cair: descobre que seu filho adotivo é irmão de um terrorista muito procurado (e que ambos ainda estão em contato) e antes que possa refletir sobre o assunto, Mason o vê sendo sequestrado no mesmo momento em que sua mulher morre nos seus braços – tudo durante uma invasão de guerrilheiros em uma festa que era anfitrião.

 

 

Em decorrência dos acontecimentos, o diplomata larga a carreira, dedicando-se ao álcool e a ganhar a vida mediando acordos trabalhistas locais nos Estados Unidos. Totalmente recluso, recebe a oportunidade de voltar para Beirute com objetivo de ajudar o agente da CIA Cal Riley (Mark Pellegrino), amigo seu de longa data que esteve durante o ataque na sua casa na década anterior. Lá, Mason recupera seu folego de outrora e lida com uma situação confusa que envolve policiais corruptos, grupos extremistas e muita politicagem obscura.

Como filme de ação, a narrativa funciona. O roteiro, de Tony Gilroy (responsável por roteirizar a trilogia Bourne) é consistente e proporciona diversos momentos de tensão. Além disso, as atores se fizeram presente e conseguiram convencer: além de Hamm, a película conta com Rosamund Pike no papel de Sandy Crowder, a bela e correta agente da CIA, e com Dean Norris (reconhecido por sua atuação como Hank na série “Breaking Bad”), como Donald Gaines, um homem corrupto com interesses próprios.

 

Apesar de proporcionar bons momentos ao espectador, o filme deixa, ao final, a impressão de ter deixado o tesouro escorrer pelas mãos. A narrativa ficou presa na história de um homem exemplar que está em franca decadência e que vê a oportunidade de voltar ao topo após uma grande aventura em um cenário exótico e perigoso. Porém, havia algo muito valioso a ser explorado e que não foi levado adiante: o filho adotivo desse homem, que havia sequestrado e que ele havia perdido totalmente o contato, reaparece como o terrorista que o chama para mediar a troca do agente da CIA pelo irmão, notório terrorista procurado desde a década anterior.

Daí surgem mil questões que poderiam ser levantadas: o garoto não teve chance? Ele sempre quis ser terrorista? Mason não poderia tentar tirá-lo desse lugar? Nunca tentou encontrá-lo? O que se passou na cabeça deles quando se viram novamente? Qual a mensagem que a cidade, que tanto trouxe felicidade ao protagonista no passado, poderia proporcionar a ambos nessa situação?

Essas são algumas das possibilidades que o longa tinha para humanizar estas figuras tão devastadas em um cenário tremendamente violento. Ao final, invés de explorá-las, essas questões são somente usadas como gatilhos para conduzir o personagem principal de volta à capital libanesa, um lugar transformado pelo filme em algo distante e assustador que deve ser esquecido, se possível.

 

Pôster:

 

 

 

 

 

 

 

 

Ficha Técnica:

 

Ano: 2018

Duração: 98 min

Gênero: Ação

Diretor: Brad Anderson

Elenco:  Jon Hamm, Rosamund Pike, Dean Norris, Idir Chender, Mark  Pellegrino, Shea Whigham

 

Trailer:

 

 

Imagens:

Avaliação do Filme

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