Há pouco mais de um ano, o Mais Que Cinema anunciou a intenção da Netflix em restaurar e finalizar “The Other Side of the Wind”, obra que assombrou o fim da vida de Orson Welles. Filmado na década de 70, ele representou uma crise criativa do diretor, que não conseguiu finalizá-lo até a sua morte, em 1985. O produtor Frank Marshall e o diretor Peter Bodganovich (que atua na produção) assumiram o encargo de termina-lo mas, após quarenta anos trabalhando no projeto, também não conseguiram.

Com a supervisão dos dois, a obra foi remontada pela plataforma de streaming, que pretendia lança-la com toda a pompa na 71ª edição do Festival de Cannes. Um ano antes, a Netflix estreava no prestigioso festival francês com dois títulos, “Okja” e “Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe”, mas a parceria foi interrompida bruscamente com o anúncio recente de mudanças nas regras de admissão de obras em Cannes.

O coordenador, Thierry Frèmaux, cedeu aos apelos dos distribuidores franceses e proibiu a entrada de filmes que não tenham um plano de distribuição concreto – o que, na França, representaria uma janela de exibição de 36 meses. Desde o início, a Netflix trabalha com a simultaneidade dos lançamentos nos cinemas e sua plataforma, o que tornou impossível a sua participação.

 

Assim, a homenagem planejada à Welles, que também incluía e exibição de um documentário sobre o artista chamado “They’ll Love Me When I’m Dead” (também do streaming), foi cancelada, provocando desânimo entre a comunidade de cinéfilos e desapontamento especial para os envolvidos diretamente com o projeto, como Bodganovich e Beatrice Welles, filha do cineasta.

Em carta dirigida à Ted Sarandos (executivo responsável pela programação da Netflix), ela pediu que ele reconsiderasse a decisão, alegando que o filme de seu pai poderia ser a ponte entre o streaming e o Festival. Alegando que Welles “morria aos poucos” a cada batalha com produtores e estúdios (que foram muitas), pediu para que a Netflix não fizesse parte desse nefasto clube. Ao final, alegou a importância do Festival de Cannes para a memória de seu pai, que foi agraciado duas vezes: com a Palma de Ouro por “Othello” (1952) e com o prêmio de Melhor Ator por “Estranha Compulsão” (1959).

 

Ted Sarandos justificou sua decisão à imprensa alegando que, diante da impossibilidade de adentrar a competição, a exibição das obras da Netflix, mesmo em sessões especiais, não seria envolta com o respeito devido. Assim, completou que, dado o tom agressivo firmado por Frèmaux, afim de proteger seus criadores, seria melhor mantê-las de fora.

Sites especializados americanos alegam que, nos bastidores, os organizadores do Festival de Cannes lamentam muito a perda do novo filme de Alfonso Cuarón e, em especial, da obra de Welles, que seria o grande destaque desta edição.

 

O Festival de Cannes ocorrerá entre os dias 08 e 19 de maio. Confira a programação aqui.

 

 

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